Ligação com paramilitares gera crise na Colômbia

A crise gerada na Colômbia pela descoberta de vínculos de legisladores e funcionários públicos com grupos paramilitares estendeu-se hoje depois que a Promotoria convocou para interrogatório outros 20 dirigentes políticos e um jornalista. O promotor-geral da nação, Mario Iguarán, informou que todos os indiciados assinaram um documento "confidencial e secreto", em 23 de julho de 2001, com chefes paramilitares que pedia a "refundação da pátria".

"A Promotoria considera que (os indicados) podem ser autores ou partícipes do delito de associação para o crime", disse Iguarán em entrevista à rádio RCN. Este é um delito que prevê penas de entre 3 e 6 anos de prisão. De acordo com o promotor-geral, a investigação busca estabelecer se o objetivo do chamado pacto de Santa Fe de Ralito, assinado pelos políticos e os paramilitares, era o de tomar o controle político e administrativo de várias regiões do norte do país mediante fraudes eleitorais e a intimidação de rivais políticos e autoridades locais.

Outros sete congressistas que assinaram o documento já estão sob investigação da Corte Suprema de Justiça. Eles alegaram em sua defesa que firmaram o documento sob intimidação das armas. Salvatore Mancuso, um dos máximos chefes das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) – uma confederação de grupos paramilitares -, que fez um acordo de paz com o governo e está preso, disse à promotoria que o pacto tinha o objetivo de preencher o vazio deixado pelo Estado e evitar que a guerrilha retomasse o controle de amplas áreas do norte da Colômbia.

Segundo Iguarán, o jornalista Antonio Sánchez alega ter participado da reunião para levantar informações com a intenção de escrever um livro. "O que queremos saber é o motivo que o levou a também assinar o documento", afirmou o promotor-geral. Dentro desta investigação já foram presos oito deputados, além de Jorge Noguera, ex-diretor do Departamento Administrativo de Segurança (DAS), acusado de ter colocado a serviço dos paramilitares a polícia secreta do Estado. Ele é o mais alto funcionário do governo do presidente Alvaro Uribe implicado neste processo.

Até agora, o escândalo dos acusados de vínculos com os paramilitares havia atingido apenas o governo, pois os oito legisladores presos são da coalizão governista, mas entre os investigados pela Corte Suprema de Justiça por terem assinado o chamado popularmente "pacto com o diabo de Santa Fe de Ralito", figuram agora vários membros da oposição.

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