Líder tucano no Senado diz que PT rouba; Mercadante ataca era FHC

As críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao governo e ao PT provocaram hoje bate-boca na tribuna do Senado. A oposição endossou as afirmações de Fernando Henrique, para quem "a ética do PT é roubar" . "Nunca se roubou tanto nesse País; essa é que é a verdade", atacou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Em tom de campanha eleitoral, Virgílio disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "perdeu a condição de ser candidato majoritário". Numa guerra de discursos e apartes – na qual os dois lados invocavam o direito de réplica -, o líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), ocupou a tribuna para reagir.

"A oposição vai ter de enfrentar o debate do que foram os três anos do governo Lula até agora com os oito anos de Fernando Henrique", gritou Mercadante. "Digam o que vão fazer de diferente!", insistiu.

Mercadante seguiu, na prática, estratégia traçada no Palácio do Planalto, que é a de comparar a administração do PT com a do PSDB. Agora, o novo mote governista é insistir que tanto o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), como o governador Geraldo Alckmin (PSDB) – os dois postulantes do PSDB à Presidência – são "mais do mesmo".

Para não pôr mais lenha na fogueira, Mercadante não usou exatamente esse termo. Disse apenas que a oposição tem "dificuldade" de debater as "realizações" do governo. Mas foi cauteloso ao ser desafiado por Virgílio a comprovar a veracidade da chamada "lista de Furnas". Chegou mesmo a admitir que a lista pode ser falsa. Divulgados pelo lobista Nilton Monteiro, os papéis citam políticos de quase todos os partidos – especialmente do PSDB e do PFL -, que teriam recebido dinheiro de caixa dois da estatal Furnas Centrais Elétricas nas campanhas Não há nenhum nome do PT.

"Torço para que isso tudo não seja verdade, para que a lista não tenha procedência e para que esse episódio traga responsabilidade aos homens públicos, principalmente, aos que acusam sem provas", afirmou Mercadante. "Não podemos fazer acusação sem que tudo seja investigado."

Sentado à primeira fileira, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) pediu um aparte. "Eu posso garantir que a lista de Furnas é falsa, mas uma coisa é importante: Vossa Excelência já acredita em Roberto Jefferson", disse ACM, numa referência ao deputado cassado do PTB que denunciou o "mensalão" – esquema de pagamento de mesada a parlamentares em troca de apoio ao governo no Congresso.

"Não ponha palavras na minha boca", respondeu Mercadante irritado. "Lamentavelmente, algumas denúncias que ele fez em relação ao PT tinham procedência; outras, não"

No revezamento de discursos, Virgílio voltou a bater duro. "A reeleição do presidente Lula significa a volta do José Dirceu, do Delúbio Soares e do Sílvio Land Rover Pereira", provocou o líder do PSDB, ao mencionar o ex-ministro da Casa Civil, o ex-tesoureiro e o ex-secretário-geral do PT. Todos caíram após as denúncias de Jefferson. Virgílio negou que a oposição, acuada pela lista de Furnas, tenha feito um "acordão" com o governo para que as CPIs terminem em pizza. "Nós queremos que venham aqui depor Dimas Toledo (ex-diretor de Furnas), Duda Mendonça, Roberto Teixeira, Paulo Okamotto", concordou ACM.

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