Líder do governo no Senado reage e diz que não recebeu caixa 2

Brasília (AE) – O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse hoje (18) que sua campanha em 2002 não recebeu recursos de caixa 2. "Todo custo da minha campanha foi declarado à Justiça Eleitoral", afirmou Mercadante, da tribuna do Senado, reagindo à declaração do ex-tesoureiro Delúbio Soares, de que as campanhas petistas apelaram para fontes de financiamento irregular. Foi também uma resposta direta às insinuações feitas na semana passada pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (PSDB-AM), de que os R$ 710 mil declarados pelo petista seriam muito pouco para uma campanha majoritária em São Paulo.

De acordo com Mercadante, sua "campanha pessoal" custou mesmo apenas R$ 710 mil, mas os gastos com a produção da propaganda eleitoral e outros de caráter geral (compartilhados com os outros integrantes da chapa majoritária) chegaram a R$ 3 417 milhões e foram declarados como despesa pelo próprio PT. "É um costume do PT proceder dessa maneira, porque nossas campanhas são centralizadas", explicou o senador.

Individualmente, o custo de R$ 710 mil declarado por Mercadante é o 25º maior entre os 81 senadores. O maior gasto "oficial" é o do senador e atual ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), cuja campanha teria custado R$ 2,467 milhões pelos registros na Justiça Eleitoral. Apenas 16 senadores declararam gastos superiores a R$ 1 milhão, o que seria um indício de recursos de campanha não contabilizados. "As despesas fora da prestação de contas estão presentes em todos os partidos", disse Mercadante, negando contraditoriamente que o mesmo tenha ocorrido em sua própria campanha.

A existência de um caixa 2 no PT foi a explicação apresentada pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares e pelo publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza para os saques milionários em dinheiro das contas das agências DNA e SMP&B desde 2003.

Segundo a versão dos dois, o dinheiro teria sido obtido por Valério com empréstimos em bancos e teria sido repassado às regionais do partido para cobrir dívidas de campanha. "Acho que as decisões (tomadas pelos ex-dirigentes do PT) não foram democráticas, nem transparentes. Não consigo entender esse caminho do endividamento", afirmou Mercadante da tribuna, colocando em dúvida a racionalidade da operação de empréstimo.

O senador disse que o diretório nacional do PT apenas foi informado sobre uma dívida de R$ 20 milhões, o que seria "administrável" e não exigiria empréstimos como os alegados por Delúbio. Desses empréstimos, diz Mercadante, ele nunca tomou conhecimento. "Não sei se ninguém mais sabia (além de Delúbio). Posso falar por mim. Nunca soube dessas despesas e nunca ouvir falar antes no Marcos Valério", garantiu.

Segundo ele, a existência dos empréstimos poderá facilmente ser checada com os relatórios que chegarão do Banco Central. Mercadante pregou uma reforma política que imponha campanhas mais "austeras" e "diretas", sem tanto recurso às mega agências de publicidade que hoje estão por trás da eleição de qualquer governador ou presidente da República. "Acho que só o financiamento público não resolve", disse o petista.

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