Liberação de recursos do BNDES tem queda de 30%

Rio AE) – Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tiveram forte desaceleração em setembro, quando foram liberados apenas R$ 2,4 bilhões, com queda de 30,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. Foi o menor volume de desembolsos em 2005, num período em que tradicionalmente há aumento no volume de negócios. O acumulado no ano subiu para R$ 31,2 bilhões e, para atingir o valor de R$ 60,8 bilhões orçado para 2005, o banco teria de liberar quase R$ 10 bilhões mensais no último trimestre. O superintendente de Planejamento, Aluysio Asti, disse que o banco está trabalhando com a meta de R$ 50 bilhões, que já indicará aumento de 25% sobre 2004, caso seja alcançada.

Outro sinal de que os grandes clientes do banco de desenvolvimento estão com menos apetite para investir foi a queda nas consultas, que somaram R$ 8,032 bilhões no mês passado com queda de 20,97% em relação a setembro de 2004. A consulta é a primeira das quatro etapas até a liberação dos recursos. Foi o terceiro mês consecutivo em que o volume de consultas registra queda em relação a igual período do ano passado, após um início de ano de forte demanda. No período de abril a junho, por exemplo, o volume de consultas ao BNDES oscilou em torno de R$ 10 bilhões mensais. No acumulado em nove meses, as consultas somaram R$ 65,2 bilhões, com aumento de apenas 1% em relação a igual período do ano passado. Os enquadramentos, segunda etapa no relacionamento com o banco, somaram R$ 4,6 bilhões, com queda de 63%, enquanto as aprovações somaram R$ 4,6 bilhões em setembro, com aumento de 121% em relação a setembro de 2004.

Os dados do BNDES indicam forte queda nas operações para empresas de pequeno porte, com liberação de R$ 5,964 bilhões e queda de 13% no período. Na avaliação de Asti, a queda reflete, principalmente, a forte retração do setor agrícola, que tem comprado menos máquinas e implementos agrícolas este ano. "Seja pela frustração de preços, por razões climáticas ou porque houve o esgotamento de um ciclo de forte investimento, o fato é que o setor agrícola está investindo bem menos este ano", disse Asti. As pequenas empresas de outros segmentos, porém, estão "investindo bem", afirmou.

Os desembolsos para operações de exportações registraram aumento de 47% até setembro em relação a igual período de 2004, totalizando R$ 3,334 bilhões. Ao todo, o banco realizou 477 operações com fabricantes de material de transporte, especialmente a Embraer. Destacando-se como os maiores clientes do banco nessa área, eles receberam financiamentos no valor de R$ 1,913 bilhão, com aumento de 29% sobre os primeiros nove meses de 2004.

O setor de mecânica recebeu financiamentos de R$ 630 milhões, com aumento de 360% sobre igual período do ano passado, enquanto a indústria de construção, no segmento de infra-estrutura, recebeu R$ 242 milhões, com aumento de 54% sobre igual período de 2004.

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