Leão e jogadores do Corinthians não falam mesma língua

A aparente harmonia entre Emerson Leão e seus comandados no Corinthians parece estar chegando ao fim. Treinador e time começam a não se entender.

Depois de receber recomendação da diretoria para não mais criticar a arbitragem, Leão resolveu voltar sua ira apenas para os atletas. O técnico foi mais incisivo contra os jogadores após o empate por 1 a 1 com o Pirambu, quarta-feira, na estréia na Copa do Brasil.

?O goleiro (Alan, do Pirambu) pegou muito porque as bolas foram chutadas em cima dele. Temos de olhar, levantar a cabeça e chutar mais em diagonal ou na paralela?, reclamou, numa crítica direta aos atacantes, principalmente Nilmar, que teve – e não aproveitou – boas chances de marcar em Aracaju. Ontem Nilmar reconheceu que se sente ?ansioso?, mas disse estar preparado para as cobranças.

O meia Roger, substituído diante dos sergipanos, também vem recebendo indiretas do treinador. ?Pelo que nosso jogadores ganham, têm de jogar muito mais?, disse Leão. Roger e Nilmar são os maiores salários do elenco corintiano

Na entrevista concedida no dia 15, quando soube que voltaria a jogar após 7 meses de recuperação de cirurgia no joelho, Nilmar revelou não ter intimidade com o técnico. Chegou a ficar sem graça quando lhe perguntaram se jantaria com o chefe.

?Se ele pagar, eu vou?, brincou. Já fazia alguns dias que o atacante e Leão vinham trocando farpas via imprensa. ?Meu relacionamento com o Nilmar é profissional?, retrucou Leão.

Em sua passagem pelo Palmeiras, Leão se indispôs com os atletas ao avaliar o elenco como ?nota 5?. Ali decretou sua queda. Depois daquilo o time não rendeu mais.

O treinador começa a fazer igual no Parque São Jorge. Expondo os jogadores à mídia e aos torcedores, se exime de culpa nos tropeços do Corinthians, sem vencer há três jogos, ameaçado de queda na Copa do Brasil e apenas o 8º no Paulista.

Mas seria mesmo culpa somente dos jogadores a fase corintiana? Nos dez jogos do ano, Leão não repetiu a escalação uma única vez. Time titular definido, nem pensar. Utilizou três esquemas táticos diferentes e, mesmo assim, a equipe segue sendo sempre envolvida pelos rivais. Sem contar o excessivo nervosismo nos jogos.

Muitos dos jogadores ?culpados? estão no clube graças à indicação do treinador ou aval para que seguissem no elenco. No Parque São Jorge, até as substituições do técnico já são contestadas. ?O Leão não sabe fazer substituição?, afirmou uma pessoa influente no clube.

?Se cair na Copa do Brasil ou não ganhar do Palmeiras, sai.? A bronca é a seguinte: se o Corinthians está vencendo, Leão tira um atacante e o meia Roger para colocar um zagueiro, ou volante. Se estiver perdendo, saem volantes e laterais para a entrada de três, quatro atacantes. Por enquanto, Edvar Simões, gerente de Futebol, garante sua permanência. Mas sem grande convicção.

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