Lavagem das pocilgas

O País está de alma lavada, mas não poderá abrir a guarda nas etapas que se seguirão, ou seja, o julgamento dos indiciados pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, no inquérito do mensalão, agora transformados em réus em exemplar decisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), acompanhando o voto do relator Joaquim Barbosa.

Ex-ministros do primeiro governo Lula, entre eles José Dirceu, o enfatuado e poderoso ?capitão do time? – na expressão do próprio presidente da República, passam à condição de réus pela prática de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva ou lavagem de dinheiro, crimes que migraram das irmandades dos meliantes para o ambiente político da República.

Também será processada a cúpula diretiva do PT, formada por José Genoino, Delúbio Soares e Sílvio Pereira, acusada de agir de forma ilícita sob a supervisão do chefe da Casa Civil, para obter apoio de outros partidos na formação da base política do governo.

O publicitário Marcos Valério de Souza, mentor financeiro da trama e associado nas empresas de propaganda que operaram o esquema de traficância de recursos públicos, faz parte da lista negra.

O dinheiro destinado a irrigar as finanças de parlamentares ou assessores era apanhado no caixa do Banco Rural, em Brasília, ou repassado em espécie por funcionários da confiança de Marcos Valério a representantes dos partidos aliados, entre os quais pontificaram PT, PTB, PMDB, PL e PP.

Como beneficiários da tramóia sem precedentes na política recente do País, destacaram-se líderes de nomeada dos respectivos partidos, com especial menção ao deputado cassado Roberto Jefferson, presidente do PTB, o corifeu que desmoralizou o esquema por sentir-se batoteado pela interrupção dos pagamentos na escala previamente acertada.

Juntamente com os petebistas Emerson Palmieri e o ex-deputado Romeu Queiroz, Jefferson será processado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os deputados paranaenses José Borba (PMDB), então líder da bancada e José Janene (PP), além de tantos outros estróinas como Valdemar da Costa Neto (PR), serão chamados a prestar contas. Começou a limpeza das pocilgas da política brasileira.

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