La Niña influi no clima do Sul e do Nordeste

Mais uma vez o fenômeno La Niña se estabelece no Oceano Pacífico. La Niña é caracterizada pelo resfriamento anômalo das águas superficiais situadas na região equatorial do Pacífico e estende-se das costas do Equador e norte do Peru em direção à Austrália. O reflexo deste fenômeno climático já se faz sentir, mas poderá ser mais acentuado durante o segundo semestre deste ano e deve prolongar-se até o início de 2008.  

A La Niña tem usualmente forte influência sobre as chuvas nas regiões Sul e Nordeste. De acordo com o diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Antônio Divino Moura, La Niña favorece o aumento das chuvas no Nordeste e desfavorece as chuvas no Sul do País, principalmente entre os meses de novembro a abril. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste não há influência significativa desse fenômeno, afirma Moura.

Essa anomalia climática é monitorada, no Brasil, por instituições como Inmet, Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe), do Ministério da Ciência e Tecnologia, pela Embrapa Informática Agropecuária, vinculada ao Mapa, em parceria com o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri/Unicamp), e vários centros estaduais de meteorologia.

Sul

A condição climática prevista para os próximos três meses (julho, agosto e setembro) não deve influenciar negativamente a safra de inverno da região Sul. Atualmente, o trigo e a cevada estão em fase de plantio ou desenvolvimento vegetativo inicial, sem registros de maiores problemas com falta de chuva. Essas culturas são contempladas pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático do Mapa para os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Mesmo que o volume de chuva esperado para os próximos três meses fique pouco abaixo do normal, não deve haver perdas produtivas, já que os volumes normais de chuva extrapolam a necessidade hídrica dessas culturas, comenta o chefe da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Assad.

Sudeste

A região Sudeste é muito pouco influenciada pelo fenômeno La Niña. As previsões de chuva e temperatura não devem interferir nas principais atividades agrícolas ao longo dos meses de inverno, que são as colheitas da cana-de-açúcar e café, de acordo com Assad. Até o momento, essas atividades evoluem normalmente em todos os estados, e a tendência de um inverno levemente mais seco apenas favoreceria e aceleraria o ritmo das colheitas.

Centro-Oeste

Da mesma forma que a Sudeste, a região Centro-Oeste é pouco influenciada pelo fenômeno La Niña, com previsão de chuva muito próxima à normal climatológica registrada para os Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Ao longo dos meses de inverno, apenas em alguns municípios da região sul do Estado do Mato Grosso do Sul, conforme recomendação do Zoneamento Agrícola, tem-se lavouras de trigo de sequeiro em pleno desenvolvimento.

Nordeste

A Nordeste, assim como a Sul, é uma região que sente mais diretamente os efeitos do fenômeno La Niña. Para julho, agosto e setembro as previsões climáticas relatam pequenas oscilações dos regimes de chuva e temperatura em relação aos dados normais climatológicos, sem prejuízos para a atividade agrícola nesses meses, concentrada, de acordo com o Zoneamento Agrícola, nas regiões litorâneas da Bahia ao Maranhão, onde estão sendo cultivadas lavouras de milho, mandioca, feijão, feijão caupi, sorgo e mamona.

Norte

Na região norte, apenas os Estados do Tocantins e Rondônia são atualmente contemplados pelo Zoneamento Agrícola, que, para os meses de inverno, não recomenda plantio de qualquer cultura agrícola. Atualmente, em Rondônia, a colheita do café está em plena atividade, favorecida pelo tempo mais seco, que deve continuar contribuindo com a atividade.

Importância do zoneamento

O Zoneamento Agrícola identifica a melhor época de plantio da lavoura em cada município. Os técnicos analisam as séries climáticas históricas de, no mínimo, quinze anos, relacionando-as ao ciclo das cultivares, tipo de solo e oferta de água. Segundo o coordenador-geral do Zoneamento Agrícola do Mapa, Francisco Mitidieri, o objetivo é reduzir os riscos de adversidades provocadas pelas condições de clima durante as fases mais sensíveis das lavouras. Desta forma, os agricultores poderão obter créditos de custeio no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e poderão ser contemplados nas operações no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).

Os boletins agroclimatológicos são gerados periodicamente no site www.agritempo.gov.br.

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