Juros podem recuar ao nível de 1975

Brasília – A taxa de juros poderá alcançar em junho o seu menor nível desde março de 1975. Para que isso ocorra, basta o Comitê de Política Monetária (Copom) confirmar as previsões de mercado e cortar a taxa em 0,75 ponto porcentual no último dia de maio. Os juros, com isso, passariam dos atuais 15,75% para 15% ao ano.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, calcula que em março de 1975, em plena época do milagre econômico, a taxa estava em 13,6%. "Esta era a taxa paga nos BBCs (títulos de emissão do Banco Central), que era, nos anos 70 um equivalente da Selic", explicou.

O economista-chefe da Corretora Concórdia, Elson Teles, acredita, no entanto, que ainda existem obstáculos consideráveis para que a marca de 15% venha a ser efetivamente alcançada. "A principal preocupação, neste momento, está concentrada nos preços do petróleo e nos juros dos Estados Unidos", disse. Por esta razão, ele não descarta a hipótese do Copom optar por cortar os juros em apenas 0,50 ponto porcentual na reunião agendada para o final de maio. "Nas mesas de operação do mercado esta já é a aposta predominante", disse. A taxa, neste cenário, recuaria para 15,25% e atingiria o seu menor nível desde os 15 20% fixados pelo Copom em fevereiro de 2001.

Agostini, entretanto, continua acreditando na queda dos juros de 0,75 ponto porcentual no final de maio. "Depois disso, o Copom fará uma parada técnica (para avaliar os efeitos das quedas dos juros sobre a economia) e não mais reduzirá os juros até o final de novembro", comentou. No penúltimo mês do ano, a taxa poderia recuar 0,50 ponto porcentual e terminaria o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 14,50%. "Este corte ainda dependerá do cenário que teremos para 2007 mais para o final do ano. Se for benigno como hoje, o BC terá segurança para promover a redução", explicou o economista-chefe da Austin Rating. Os participantes de pesquisa semanal do BC, no entanto, acham que os juros poderão cair ainda mais e chegar aos 14% no final do ano.

A diminuição dos juros para níveis históricos não chega a causar nenhuma preocupação no economista da Austin Rating. "Ainda seremos o país com a maior taxa real (descontada a inflação) de juros do mundo", afirmou. Isto, segundo Agostini, evitaria uma fuga de recursos dos fundos de investimento. "Os titulares de aplicações em fundos de investimento lastreados em títulos públicos sabem que os juros ainda continuarão elevados", disse.

O economista da Concórdia, entretanto, não descarta a possibilidade de ocorrer uma realocação dos investimentos. "É possível que haja uma procura maior pelos fundos de investimento em ações", disse. A probabilidade de saída de recursos para ativos reais, na opinião de Teles, é baixa. "Este risco poderá surgir quando a taxa chegar aos 12%", comentou.

Voltar ao topo