Juros nas alturas

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), para todos os efeitos, credenciada como porta-voz do empresariado que detém invejável parcela do PIB nacional, por intermédio do presidente Paulo Skaf, mesmo apreciando o corte da taxa Selic em 0,5%, frisou que a queda é ?irrisória? e não satisfaz, na escala desejável, vários segmentos industriais.

A decisão do Copom cortou a taxa de 12,5% para 12% ao ano, mas em posição oposta à afiliada paulista, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) também expediu nota para asseverar que a redução de meio ponto percentual deve ser vista com otimismo, porque favorece o crescimento do País.

Na verdade, o mercado aposta na continuidade da queda gradativa da taxa Selic como elemento decisivo na geração de condições propícias para a intensificação do atual ciclo de crescimento econômico.

A CNI, para surpresa de muitos, assumiu uma perspectiva bastante sincronizada com a política monetária, enfatizando que a mesma tem papel fundamental na construção de um ambiente de estabilidade que, além de necessário, é inadiável. A entidade também espera que o ritmo da queda dos juros não se interrompa, permitindo às empresas ?aproveitar a excepcional janela de oportunidades num novo ambiente de negócios?.

Enquanto a discussão sobre a queda da taxa Selic permanece restrita aos meios acadêmicos e ao âmbito financeiro, os efeitos da redução demoram a chegar ao nível dos consumidores. Afinal, a taxa de juros reais de 8,3% ao ano, praticada no Brasil, ainda não foi desbancada do patamar de maior do mundo, ou seja, está quatro vezes acima da média mundial.

Mesmo assim o governo está entusiasmado. Há quem imagine que a taxa Selic despenque para 10,5% em dezembro próximo, significando juros reais de 7% ao ano com o desconto da inflação. Segundo o mercado, um cenário tão promissor somente seria possível em 2009.

Quem ganha um pouco mais de fôlego é o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, alvo preferencial dos desenvolvimentistas. O PIB deve crescer acima de 4%, a inflação está domada e os empregos formais prenunciam leve crescimento. O patinho feio continua sendo a política cambial.

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