Juro futuro cede e agenda fraca sugere dia calmo

O mercado de juros pode ter um dia mais calmo hoje, com a agenda fraca, aqui e no exterior. O evento mais importante é o discurso do presidente do banco central americano, Ben Bernanke, em simpósio econômico no interior dos EUA, a partir das 11 horas. Mas como o tema não é política monetária, nem inflação, nem atividade econômica, e sim "integração econômica global", profissionais não acreditam que Bernanke colocará hoje mais lenha na fogueira.

Sem a perspectiva de que surjam novidades no exterior, é provável que o mercado de juros se volte para o cenário interno e reduza um pouco o prêmio colocado nos contratos nos últimos dois dias. No sistema eletrônico GTS de negociações da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), as taxas já operam em queda. Às 9h45, o DI (depósito interfinanceiro) de janeiro de 2008 tinha taxa de 14,27% ao ano, ante o fechamento de 14,32% de ontem.

Profissionais continuam atribuindo a reação negativa dos juros nos últimos dois dias à pressão do dólar, que subiu diante dos dados mostrando desaquecimento econômico nos EUA. "Havia espaço para realização de lucros porque as taxas vinham em queda forte há dias, mas isso não alterou a tendência de queda da taxa de juros ", defende um operador. "O pior cenário ainda é de mais dois ou três cortes de 0,25 ponto porcentual na taxa Selic", afirma, observando que, a cada dia, cresce o clima negativo em relação ao crescimento da economia local. "Às vésperas das eleições, estão surgindo dados preocupantes, como a taxa de desemprego divulgada ontem, e isso gera ambiente favorável para a continuidade da queda dos juros", conclui.

Ontem, diante da piora do humor, o Tesouro Nacional não fez a colocação integral dos lotes de Letras do Tesouro Nacional (LTNs títulos com pagamento prefixado de juros) com vencimentos em 2008 e 2009. Esse resultado, na opinião de operadores, não reflete falta de demanda por parte de investidores, mas sim uma negativa do Tesouro em aceitar taxas mais salgadas, pedidas no leilão. "É natural que o mercado tente aproveitar o momento mais tenso para pedir mais prêmio e o Tesouro teve firmeza em não acatar essa tentativa", diz um operador.

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