Juro atrai bilhões de dólares para renda fixa

De janeiro de 2006 a março de 2007, US$ 14,5 bilhões entraram no Brasil, em termos líquidos, para aplicações em renda fixa, nas quais os investidores estrangeiros abocanham a diferença entre os altos juros brasileiros e as taxas internacionais. Esse fluxo representa uma mudança radical em relação ao período de 1995 a 2004, quando houve saída líquida quase todos os anos, e a maior entrada líquida (em 2003) foi de apenas US$ 272 milhões.

"Esse fluxo está colocando mais lenha na fogueira da valorização do real", disse Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco Central (BC). Ontem, o dólar fechou com leve queda de 0,05%, para R$ 1,952. O risco Brasil atingiu nova mínima histórica, a 143 pontos, e o índice Bovespa da Bolsa de Valores de São Paulo recuou 0,21%.

Em 2004, o fluxo líquido foi de apenas US$ 101,2 milhões, acelerando-se para US$ 689 milhões em 2005. Mas a explosão veio em 2006, quando o fluxo atingiu US$ 11,04 bilhões. No primeiro trimestre de 2007, foi de US$ 3,49 bilhões. Os números de abril e maio, quando a tendência de valorização do real se tornou mais avassaladora, ainda não foram divulgados.

Freitas nota que a decolagem das aplicações de capital externo em títulos de renda fixa brasileiros (basicamente papéis do governo) ocorreu a partir de fevereiro de 2006, quando os estrangeiros foram isentados de pagar imposto de renda nesses investimentos. A justificativa da medida, recorda, foi a de ajudar no alongamento da dívida pública brasileira. Em maio de 2006, porém, com forte piora no mercado internacional, houve vendas maciças de bônus brasileiros por parte de estrangeiros e o governo acabou recomprando seus papéis para dar suporte aos preços e estancar um início de pânico.

Voltar ao topo