Jurista diz que discussão sobre impeachment é prematura

Apesar de considerar suficientes os elementos para um pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o jurista Miguel Reale Júnior, que redigiu o requerimento contra o ex-presidente Fernando Collor de Mello, disse hoje que prefere aguardar o fim das comissões parlamentares de inquérito (CPIs) para retomar a discussão.

Há algumas semanas, Reale Júnior havia afirmado que a ação do governo para retirar assinaturas do documento que prorrogava a CPI do "Mensalão" era um elemento sólido para se solicitar a destituição e que ele levaria a proposta para o Movimento da Indignação à Ação, o qual encabeça, com o objetivo de adiantar o pedido.

"Não se deve fazer o impeachment por fazer, nem deixar de fazer por tática eleitoral ou porque o mandato já está no fim. O impeachment é o imperativo ético determinado pelos fatos" afirmou, após mais um ato público realizado pelo Movimento da Indignação à Ação.

Para ele, que agora se mostra favorável à reunião de mais elementos que possivelmente comprovem a participação de Lula em atos de corrupção e desrespeito à ética do cargo que ocupa, a conclusão dos trabalhos das comissões, em especial a dos Correios, deve trazer mais provas.

"Existem provas que podiam permitir a formulação do pedido, mas nós temos de esperar para ter uma visão do conjunto" disse. Para justificar a posição, Reale Júnior lembrou que o impedimento de Collor só foi requerido após a conclusão da CPI do PC, que investigou o empresário Paulo César Farias.

"Vamos esperar o conjunto de todas as provas, para, aí sim, fazer a análise mais profunda da apresentação da petição de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva."

Apesar do abrandamento do discurso, o jurista não aliviou nas críticas dirigidas a Lula. "O presidente, a cada passo, viola a ética, na medida em que desrespeita a decisão do Congresso, chama José Dirceu (ex-deputado do PT de São Paulo) ao palanque e acusa o Congresso de ter feito uma cassação injusta", finalizou.

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