Jungmann quer direito que negou a outros, diz Dirceu

O ex-ministro José Dirceu ironizou hoje a situação do deputado Raul Jungmann (PPS-PE), denunciado pelo Ministério Público Federal sob a acusação de ter desviado R$ 33 milhões em contratos de publicidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) durante sua gestão como ministro do Desenvolvimento Agrário no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Jungmann disse ter achado estranho que a denúncia tenha surgido no momento em que articula uma candidatura alternativa à presidência da Câmara

Na avaliação de Dirceu, Jungmann, que garantiu que provará sua inocência assim que tiver acesso aos autos do processo, "nunca deu direito de defesa a ninguém". "Pelo contrário, prejulgou e linchou todos os investigados no caso dos sanguessugas e em outras denúncias, como se fosse um torquemada de plantão. Exigiu renúncia, afastamento dos cargos", afirmou Dirceu em seu blog. "Agora, quando é acusado de ser ‘chefe de quadrilha’, quer para si o que negou aos demais e, além disso, vê motivação política nas acusações", acrescentou

Para Dirceu, se fosse aplicado a Jungmann o tratamento que deu a outros parlamentares que sofreram acusações nos últimos dois anos, ele já seria culpado, pois o deputado ignora a presunção de inocência. "Foi assim que Jungmann se comportou durante todas as investigações, como um verdugo, como um torquemada, sem o mínimo respeito aos direitos individuais dos acusados e ao devido processo legal – e, diga-se de passagem, com muita cobertura da mídia", opinou.

"As provas colhidas revelam de modo claro a existência de uma verdadeira estrutura ilícita, nos moldes de uma quadrilha, destinada a dilapidar o patrimônio do Incra por meio de sucessivos desvios nos contratos de publicidade", disse Dirceu. O esquema seria chefiado por Jungmann e sua assessora de comunicação no ministério, Flávia Torreão. "Aí, como diz o deputado Jungmann, é preciso ir até o fim. O mínimo que ele tem de fazer é se desligar de qualquer investigação e, mais, pelo critério que ele utilizou contra todos os outros parlamentares, deveria pedir licença do mandato até que as investigações terminem. Isso sem falar no tal ‘grupo dos 30’, dos deputados que dizem defender a ética", sugeriu Dirceu.

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