Julgamento de Suzane Richthofen é marcado para 5 de junho

Suzane Louise von Richthofen, de 22 anos, tem a mesma letrinha comportada de quase quatro anos atrás Foi com traços arredondados que assinou hoje documento para tomar ciência de que foi marcada a data de seu julgamento pelo 1º Tribunal do Júri da capital. Será dia 5 de junho, às 12h30, no Fórum Criminal da Barra Funda.

Ela será levada a júri com os irmãos Christian e Daniel Cravinhos pelo assassinato dos pais dela, Manfred e Marísia von Richthofen, em outubro de 2002. Os três são acusados de matar o casal porque eles se opunham ao namoro de Suzane e Daniel.

A jovem chegou ao fórum hoje, por volta de 16 horas. Vestia calça jeans clara e blusa de malha lilás. Andava elegantemente num tamanco com salto de 10 centímetros. Óculos escuros, cabeça baixa. Chegou e saiu abraçada a Vera, mulher de Denivaldo Barni, amigo de seu pai. Também estava acompanhada do advogado, Denivaldo Barni Jr., do próprio Barni e de outras três pessoas. Não foi reconhecida ao entrar nem ao sair do fórum.

Aparentemente serena, Suzane ficou menos de 10 minutos no cartório do 1º Tribunal do Júri para assinar o documento. Ela teve de ir ao fórum pessoalmente porque o oficial de Justiça não a encontrou, na sexta-feira, no endereço que constava do processo. Se não comparecesse, a Justiça poderia considerá-la foragida.

Pelo documento, ela se comprometeu a comparecer a todos os atos do processo, a comunicar à Justiça eventual mudança de endereço em até três dias e a não se ausentar da capital por mais de oito dias sem comunicar à Justiça.

Também tomou ciência de que o Ministério Público Estadual (MPE) a acusa de ter cometido duplo homicídio triplamente qualificado. As agravantes levantadas pela acusação são motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa das vítimas e meio cruel.

Suzane foi abordada pela reportagem nos corredores do fórum, mas preferiu não falar. Segundo Barni Jr., "ela tem medo de se expor; está assustada". A mãe dele, Vera, disse que a imprensa "já julgou e condenou" a jovem. "Mas só tenho coisas boas para falar dela", completou, emocionada.

O juiz do caso, Alberto Anderson Filho, negou pedido do MPE para desmembrar o processo – ou seja, julgar Suzane em uma ação e os irmãos Cravinhos em outra. A princípio, os três serão julgados juntos. Mas tudo pode mudar no dia.

"A defesa pode cindir o julgamento", explicou o criminalista Alberto Toron, assistente de acusação. A divisão, no caso, seria apenas do plenário do júri e não do processo.

Há dois advogados para os três acusados – Barni Jr. representa Suzane e Geraldo Jabur defende os Cravinhos. Os interesses dos dois advogados são diferentes, porque as teses de defesa são contraditórias – Suzane alega que os irmãos a induziram a cometer o assassinato e eles dizem o oposto.

Logo, o jurado que é conveniente para ela pode não ser conveniente para eles. Antes do julgamento, cada réu e o promotor têm direito de recusar até três jurados cada. Sete jurados serão escolhidos entre 21 pessoas para compor o Conselho de Sentença.

"Um réu não pode ser julgado por um jurado que ele não aceitou. É lei", explicou Anderson Filho. Então, por exemplo,se Suzane aceitar um jurado e os irmãos recusarem, estará imediatamente cindido o julgamento. Na prática, caberá ao promotor Roberto Tardelli, que fala por último na escolha dos jurados, optar com quem ele quer fazer o júri primeiro.

Christian e Daniel Cravinhos devem ser notificados sobre o julgamento na prisão.

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