Jovem carioca aposta na “falta de pontaria” do Hizbollah e continua em Israel

Pablo Yahuda é um carioca de 25 anos que joga vôlei profissionalmente, defendendo o time de um kibutz localizado bem perto da fronteira entre Israel e Líbano. Apesar de correr várias vezes por dia para o abrigo, de dormir com barulho de bomba e ter visto muitos estragos causados pela artilharia do Hizbollah, ele encara a situação com tranqüilidade e nem pensa em voltar ao Brasil.

Yahuda está em Israel há um ano e mora perto de Ako, cidade ao norte do país a apenas 25 minutos da fronteira. Mas nem a última demonstração de força do Hizbollah, que no domingo (6) fez seu ataque mais forte contra Israel, o amedronta. ?Sei que minha vida vale muito, mas aqui não é tão ruim quanto no Líbano. Não tenho muita histeria?, disse à Agência Brasil, por telefone. ?Vim com a idéia de ficar e por enquanto não estou pensando em sair.?

O brasileiro conta que nenhuma bomba caiu perto dele, embora escute o barulho delas o dia todo e saiba de pessoas que morreram em Ako. Ele considera os atiradores do Hizbollah ruins de mira e tem a impressão de que os disparos são ?aleatórios?. ?Cada 200, eles acertam 10. É meio loteria. Não têm tecnologia. Já caiu bomba até em vila árabe [em Israel].?

Yahuda conta que ?sente a guerra? quando sai à rua. ?Falta gente, falta comércio. É uma sensação muito estranha, parece que você está correndo perigo. As lojas fecham as portas para não se responsabilizarem pelos clientes.?

Os caixas automáticos estavam vazios até alguns dias atrás porque os bancos não entregavam dinheiro. E o transporte até funciona, só que a insegurança afasta os passageiros. ?Tem alguns ônibus e vans, mas dá medo ficar no ponto esperando.?

Em suma, ?nada funciona?. Por isso, ele passa os fins de semana na capital Tel Aviv, na casa dos pais adotivos. Poderia passar a semana inteira na cidade, onde as bombas do Hizbollah não chegaram, pelo menos até agora. Mas prefere continuar no kibutz. ?Não tenho muito o que fazer lá.?

O kibutz é uma espécie de coletividade voluntária muito difundida em Israel. Segundo a enciclopédia eletrônica Wikipedia, os kibutzim também exerceram importante papel estratégico militar quando dos primeiros conflitos entre árabes e israelenses, funcionando como bases avançadas, com colonos treinados e armados, até uma intervenção do exército israelense.

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