Jaques Wagner acusa oposição de tentar estender a crise

O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, acusou a oposição, especialmente o PFL, de tentar eleger um presidente da Câmara disposto a estender a crise, derrotar o governo e cortar com critérios políticos as cabeças dos deputados envolvidos no suposto esquema do "mensalão". Na avaliação do ministro, até agora está provada apenas uma Operação Tabajara no PT, referência a esquete do programa Casseta & Planeta, da Rede Globo, que satiriza armações.

"Tem muitos corruptos maiores julgando", atacou Wagner, em entrevista na noite de ontem (23). "A presidência da Câmara não pode ser centro de articulação dos opositores nem uma extensão do Palácio do Planalto." O ministro interrompeu o jantar oferecido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no apartamento onde mora em Salvador, para dar entrevista.

Jaques Wagner afirmou que Lula está certo da vitória do candidato governista Aldo Rebelo (PCdoB-SP), não tem medo do oposicionista José Thomaz Nonô (PFL-AL) e não vetará o nome de Michel Temer (PMDB-SP) caso ele obtenha consenso na base aliada. "Só não temos mediação com o PFL no Senado", afirmou. "O Nonô fez um discurso em defesa da instituição, mas por trás está o Bornhausen atirando e atrapalhando."

O ministro reclamou das notas e declarações do presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), que disse que a crise e a corrupção têm o nome Lula e a "raça" da esquerda deveria ser varrida por 30 anos. "Poderíamos mover um processo contra ele (Bornhausen. A postura dele e de alguns membros do PFL no Senado é fascista e preconceituosa."

Na entrevista, o ministro Jaques Wagner questionou a importância dos escândalos envolvendo o PT. "Não tem corrupção nenhuma", afirmou. "Que corrupção é essa da qual o PT saiu mais pobre e endividado?". Também criticou a atuação do deputado Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) na CPI dos Correios. "Ele precisa saber se quer ser deputado ou artista de TV", afirmou.

O ministro argumenta que Aldo Rebelo está fora da crise, é um nome com credibilidade que saberá conduzir com "isenção" o julgamento dos acusados no esquema do "mensalão". "Não desprezamos adversários, mas estamos certos da vitória dele."

Descontraído, ressaltou que não pretende fazer a defesa de deputados como José Dirceu (PT-SP), mas que os julgamentos devem ser corretos. "Todos querem cortar cabeças, só não podemos esquecer dos casos da Escola Base, do Ibsen Pinheiro, do Alcenir Guerra e do Abi-Ackel", disse. "Ficou provado que o Abi-Ackel nunca foi ladrão de pedras."

Durante a entrevista o ministro desafiou a oposição reiteradas vezes. "É preciso apurar os fatos para sabermos se há mesmo um esquema comandado pelo publicitário Marcos Valério. Até agora falam numa quantia de movimentação de R$ 55 milhões. O esquema das privatizações no governo anterior movimentou bem mais." Jaques Wagner também atacou o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares. "O que houve no PT foi uma Operação Tabajara feita por um tesoureiro que se perdeu", disse. "É um grau de imbecilidade que merecia estar no Guinness."

No jantar para Lula havia moqueca de camarão e peixe e pratos japoneses, como sushi e sashimi. Participaram do jantar também o assessor José Graziano e o coronel Gonçalves Dias, chefe da segurança presidencial. Ao final da entrevista, interrompida por Graziano que disse ter recebido "ordens superiores" para chamar Wagner, o ministro repetiu um dos bordões de Lula: "Nenhum governo investigou a corrupção como este". "Prendeu o rapaz da cueca (assessor parlamentar do irmão do ex-presidente do PT José Genoino), prendeu o pessoal da Daslu o Cícero Lucena (ex-ministro de Fernando Henrique), na Paraíba."

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