Jank: integração do Brasil no mercado internacional ainda é baixa

O aumento das exportações brasileiras ainda não foi capaz de alterar o cenário do comércio mundial, na opinião do economista Marcos Jank. Para ele, a integração do Brasil no mercado internacional ainda é muito baixa ? apenas 1% do comércio mundial ? não provocou qualquer correção importante nas políticas públicas, como redução de impostos e de juros, e melhorias institucionais e estruturais.

Ao participar do painel ?Competitividade, política industrial e inserção internacional?, do 18º Congresso do Mercado de capitais, Marcos Jank defendeu a adoção de uma política comercial mais ambiciosa com países iguais ou maiores que o Brasil; criticou a posição brasileira nas negociações com a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e afirmou que a falta de investimentos em infraestrutura viária e portuária está destruindo a competitividade da agricultura brasileira.

Ele defendeu a formação da Alca, em vez da integração com a China. ?Estamos negociando a Alca há dez anos. Poderíamos estar fazendo o maior bloco comercial do mundo, mas estamos trocando isso pela incerteza da integração com China, Índia e África do Sul, que até agora só produziu listas mínimas de produtos sem a menor importância?, afirmou Jank. Para ele, a postura comercial brasileira deve ser mais agressiva e ambiciosa. ?Existem 350 blocos comerciais pelo mundo afora e o Brasil só participa de dois ou três?, ressaltou.

Segundo Jank, o Brasil ainda não conseguiu transformar terra, água e riquezas naturais em empregos, divisas e investimentos. ?Temos 15% da água do mundo, 5% das terras do mundo, 3% da população e apenas 1% do comércio mundial?, afirmou Jank, enfatizando que tal cenário prova que o Brasil ainda está muito atrasado no mercado internacional.

Em outra palestra, o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Antonio Corrêa de Lacerda, destacou o fato de o Brasil ter aumentado sua corrente de comércio com a geração de superávit na balança comercial. ?Países citados como modelos pela literatura, como o México, por exemplo, conseguiram uma forte expansão das suas exportações com déficit na balança comercial?, ressaltou.

Lacerda defendeu a recuperação do nível de reservas cambiais próprias, como forma de reduzir a vulnerabilidade brasileira às oscilações do mercado financeiro internacional.

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