Investimento sob pressão

?Consumo do governo elevado e investimento baixo andam de mãos dadas? é a síntese do estudo feito por um grande banco internacional, citado pelo jornal Valor Econômico, na edição de quinta-feira. Falando do Brasil, o estudo aponta a expansão do ritmo do investimento em 2006, embora o tamanho do Estado continue sendo um sério obstáculo à continuidade do processo nos próximos anos.

Em relação ao montante de investimentos realizados na Argentina, Chile, Colômbia e México, países sempre lembrados pela busca de eficiência da gestão pública na América Latina, o Brasil sofre a desvantagem de arcar com um setor público exagerado nos gastos, impondo uma carga muito pesada sobre a economia.

Para se ter idéia do peso do setor público na economia do País basta ponderar que, em 2006, as três esferas de governo foram responsáveis pelo consumo de 19,9% do Produto Interno Bruto (PIB), quase sete pontos percentuais acima da média de 13% verificada nos países citados na comparação.

O estudo mostra, por exemplo, a pressão negativa dos gastos públicos sobre a massa de investimentos na construção civil ou na compra de máquinas e equipamentos industriais. No Brasil, esse tipo de investimento em setores reconhecidos pela vocação de gerar empregos e renda, no ano passado, ficou em 16,8% do PIB. Nos países usados na comparação mais uma vez houve inequívoca superação: a média de investimentos chegou a 23,5% do total da riqueza produzida no mesmo período.

O resumo da ópera é que o conjunto do setor público brasileiro gasta demais. O estudo em questão diz que desde 2000 os gastos têm mantido a média anual de 20% do PIB, ao passo que a taxa de investimento oscilou ao redor dos 16%.

A realidade dos países citados caminha noutra direção: enquanto os governos implantam programas de modernização administrativa a fim de economizar dinheiro público, a escala de investimentos tem sido ascendente.

Tendo em vista o futuro imediato, o estudo mostra-se deveras preocupado com o arrefecimento do ritmo do desenvolvimento sustentável, do qual o inimigo impiedoso continuará sendo a tendência altista dos gastos correntes do sistema governamental. Esses são os indicadores que levam o mercado a trabalhar com taxas modestas de crescimento do PIB nos próximos anos.

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