Institutos esclarecem fenômeno climático no sul do país

Brasília – O Centro de Pesquisa e Estudos Climáticos (CPTec), de Cachoeira Paulista (SP), e os instituto Nacional de Pesquinas Espaciais (Inpe) e Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgaram hoje nota conjunta sobre o fenômeno climático deste fim de semana no sul do país. Segundo a nota, o sistema que atingiu Santa Catarina não foi um furacão.

A nota esclarece que furacão é um fenômeno que se forma nas águas quentes (temperatura maior que 27°C) dos oceanos tropicais, apresentando temperaturas altas no seu interior e ventos girando em sentidos opostos nos níveis próximos à superfície e em níveis altos, ou seja, cerca de 12 km de altura.

Segundo o esclarecimento, o fenômeno que atingiu o litoral de Santa Catarina é um ciclone, fenômeno que apresenta temperaturas baixas no seu interior e ventos girando no mesmo sentido desde a superfície até os altos níveis. O processo de formação do furacão é diferente do processo de formação do ciclone observado. A partir do momento em que apareceu o olho do ciclone e as bandas de nuvens em rotação, surgiu a especulação de que poderia ser um furacão. Na sua fase final de decaimento, de fato, o sistema perdeu seu núcleo frio e passou a apresentar rotação no sentido contrário em altos níveis. Portanto, pode ser concluído que se tratou de um sistema com características híbridas, que deverá ser estudado e analisado com maior profundidade no futuro pelas equipes dos Centros Meteorológicos.

O ciclone observado na costa catarinense e norte do Rio Grande do Sul foi acompanhado pelos Centros Meteorológicos desde o dia 24, quando uma pequena área de instabilidade atmosférica formou-se a cerca de mil km da costa de Santa Catarina, começando a configurar-se com uma circulação ciclônica. Inicialmente, as nuvens na imagem de satélite tinham o formato de uma vírgula invertida, com muita chuva. Os ventos já começavam a ter um giro no sentido dos ponteiros do relógio, típico de um ciclone. Gradualmente, as nuvens passaram a adquirir o formato circular e na tarde da 5ª feira (25) já aparecia o ?olho?, ou seja, uma região sem nuvens.

Diz a nota que na 6ª feira (26) o ciclone passou a intensificar-se e deslocar-se a cerca de 20 km/h na direção do continente. Ventos medidos nas proximidades por navios chegavam a 70-90 km/h. As previsões numéricas indicavam que o ciclone continuaria em direção à costa da Região Sul do país com uma incerteza em relação ao local onde haveria o impacto maior. Os primeiros alertas para a Defesa Civil Nacional foram emitidos na noite da 6ª feira.

No sábado (27), as imagens de satélite indicavam que as nuvens do ciclone estavam perdendo força e os ventos no mar indicavam velocidades moderadas de aproximadamente 60 km/h. O alerta foi mantido. As previsões indicavam o enfraquecimento do ciclone, porém com a ressalva de que, ao atingir a região costeira, poderia ocorrer intensificação localizada. A região a ser atingida seria desde Florianópolis até o norte do Rio Grande do Sul.

Na noite do sábado as primeiras nuvens atingiram a costa e ocorreu intensificação do sistema na região da Serra Geral Gaúcha e Catarinense. O vento do ciclone, ao atingir a Serra Geral, induziu a intensificação das nuvens que por sua vez favoreceram a ocorrência de vento forte em várias localidades.

Esclarece a nota que entre a noite de sábado e a madrugada de domingo (28) o ciclone atingiu o continente, particularmente as áreas entre o sul de Santa Catarina e nordeste do Rio Grande do Sul, entre Criciúma e Torres. Nesse período foram observou-se vento e chuva fortes. Pelos danos provocados, pode-se inferir que o vento chegou a 150 km/h. No decorrer do domingo a chuva persistiu sobre as serras gaúchas e catarinenses e o ciclone perdeu intensidade gradualmente.

Os avisos da noite de 6ª feira apontavam para o enfraquecimento do ciclone, conforme foi comunicado à Defesa Civil. Foi feita a ressalva de que, ao atingir a costa, poderiam ocorrer intensificaçãO do vento e chuva em locais montanhosos, desde Florianópolis até o nordeste do Rio Grande do Sul, numa área correspondendo a aproximadamente 200 km de costa, ou seja, uma extensa área.

A nota lembra que a previsão e o monitoramento de eventos mais localizados como o ocorrido depende da qualidade e quantidade de observações, tanto na área continental como na área oceânica, utilizadas em conjunto com previsões numéricas de alta resolução espacial, imagens de radar e satélites meteorológicos. (Ascom Inpe)

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