Infraero teme tumultos em Salvador por causa da Varig

A superintendência regional da Infraero reforçou hoje a segurança no aeroporto internacional de Salvador, devido à ameaça de tumultos e danos ao patrimônio por parte dos passageiros da Varig, insatisfeitos com a demora no embarque para São Paulo, Rio e Brasília.

O gerente de uma empresa especializada na venda de produtos para emagrecer, Luís Cajaty, 29 anos, era um dos inconformados, que buscava manter a calma no início da manhã, quando começava seu quarto dia de tentativas para embarcar rumo ao Rio, onde fica o escritório central da empresa. Cajaty veio a Salvador observar se há condições de mercado para oferta de seu produto, mas depois de decidir não permanecer na cidade, foi autorizado pela chefia a retornar. Como não vem encontrando vôos, teve de se hospedar no apartamento de um primo até a situação se normalizar. "Não dá para encarar quase um dia de viagem nestas estradas esburacadas. O jeito é dar um tempo e pedir a compreensão do patrão", disse.

Nem todos têm esta sorte. É comum encontrar no saguão do aeroporto famílias inteiras repousando em camas improvisadas a partir dos carrinhos de bagagem. O cenário de um improvisado piquenique, com a diferença do clima de tensão, tomou o ambiente repleto de viajantes alimentando-se em pratos plásticos chamados "quentinhas" adquiridas nos refeitórios instalados no andar térreo.

O acampamento em que se transformou o aeroporto tende a aumentar hoje porque segundo o supervisor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Ronaldo Santos, não há como prestar assistência às dezenas de pessoas que tiveram seus vôos adiados por conta da crise da Varig.

Os passageiros reclamam que a Varig teria de pagar acomodação e alimentação, pois o limite de cinco horas de atraso no vôo foi excedido. O estresse aumenta quando eles percebem que outras empresas estão se aproveitando da crise para elevar subitamente o valor das passagens. Com uma empresa a menos operando, e sem poder sequer atender aos passageiros que já haviam adquirido seus bilhetes, o mercado aproveita-se para fazer funcionar a lei da oferta e da procura. "Menos aviões, preço maior", resume o economista e doutor pela Universidade de Brasília, Baltazar Moreira, em tom didático, um dos poucos a demonstrar conformismo pela demora que hoje já chega ao terceiro dia para ele e sua mulher, Selma.

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