Indicadores da CNI registram recuperação da indústria

A indústria brasileira está em plena trajetória de recuperação do emprego e da renda dos trabalhadores, registrando níveis recordes, segundo os indicadores industriais de setembro divulgados hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Para o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, os números da última pesquisa, mostram duas tendências: a acomodação dos índices ligadas à produção e o crescimento robusto do mercado industrial.

O número de emprego aumentou 0,78% em setembro e os salários líquidos reais cresceram 1,04% em comparação a agosto. “As taxas no mercado de trabalho dão suporte para as expectativas no futuro em relação aos indicadores relacionados à produção”, disse o economista. Nos últimos 12 meses, o emprego na indústria cresceu 8%. “Esse ritmo no emprego nunca foi observado desde o início da nossa série histórica em 1992”, afirmou o economista.

As taxas de crescimento do emprego, diz a CNI, são maiores que as do primeiro ano do Plano Real, quando houve maior dinamismo da atividade econômica. No terceiro trimestre deste ano, ante igual período de 2003, o crescimento do emprego foi de 5,01%. No acumulado do ano, até setembro, o aumento no emprego é de 2,41%.

Por outro lado, as vendas reais da indústria caíram 1 27% ante agosto deste ano, as horas trabalhadas tiveram redução pontual de 0,02% e a utilização da capacidade instalada foi de 83%, um recuo de 0,2 pontos porcentuais. Para Castelo Branco, esses índices negativos representam uma acomodação dos indicadores, uma vez que os crescimentos registrados nos últimos meses foram considerados fortes e dificilmente se manteriam nos mesmos patamares.

Para outubro, Castelo Branco prevê que esses indicadores voltem a ser positivos. “Um certo arrefecimento não significa mudança de trajetória mas uma mudança de ritmo para taxas de crescimento mais sustentáveis”, disse. Segundo a CNI, setembro fechou cinco trimestres consecutivos de recuperação da atividade econômica.

As novas contratações também têm refletido na massa salarial da indústria, que igualmente tem batido recordes. Castelo Branco ressalta que a recuperação da renda tem se consolidado nos últimos 18 meses.

“Nunca houve isso em nenhum outro período”, afirmou. O economista da CNI, Paulo Mol, ponderou que apenas em 1995, com o Plano Real, o poder de compra do trabalhador cresceu tanto. “Era justificável porque tinha um plano de estabilização de preços mas, neste momento, não tem mudança de preços e, ainda assim, há um crescimento de dois dígitos”, ponderou.

Em setembro, na comparação com igual mês em 2003, os salários na indústria cresceram 11,09%. Segundo a CNI, desde 1995, não se observava crescimento de dois dígitos nessa base de comparação. No ano, o índice acumula um aumento de 8,48%. “É um crescimento pequeno (no mês) mas contínuo. Não há margem de dúvida de que há uma recuperação dos salários, é sustentada e deve se manter nos próximos meses”, afirmou Castelo Branco.

Na avaliação da CNI, a leve queda no índice de utilização da capacidade instalada em setembro não muda o cenário de intensificação do uso do parque fabril. O indicador fechou o terceiro trimestre do ano com um crescimento de 1,08%, na comparação com o terceiro trimestre de 2003. Castelo Branco defendeu a importância do indicador como um “sinalizador” da economia, a despeito das críticas de economistas que, na semana passada, reunidos com o ministro do Planejamento, Guido Mantega, avaliaram que os dados não dão segurança suficiente para que se possa descrever, com exatidão, o potencial de crescimento e o fôlego da expansão em curso.

Os aumentos recentes da taxa básica de juros (Selic) ainda não refletiram nos indicadores, o que só deve ocorrer no ano que vem.

Castelo Branco ponderou que a continuidade do aumento das taxa básica de juros pelo Banco Central pode inibir a realização de investimentos programados para 2005. Segundo ele, uma política monetária “muito apertada” pode reduzir a demanda e fazer com que os investimentos não se concretizem. Ele relatou que pesquisas feitas pela CNI mostram que o principal componente para a realização de novos investimentos é o aumento da demanda.

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