Incêndio destrói processos contra empresas no prédio do INSS

Brasília – O maior incêndio ocorrido no Distrito Federal nos últimos 16 anos destruiu hoje (27) sete dos dez andares do edifício-sede do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As chamas consumiram processos abertos contra empresas e entidades filantrópicas em dívida com a Previdência e investiga-se a possibilidade de o fogo ter tido origem criminosa, e não acidental.

O ministro da Previdência, Nelson Machado, classificou o episódio como uma "tragédia", mas garantiu que será feito um trabalho de reconstituição dos processos queimados. De qualquer forma, a perda dos documentos deverá dificultar ou pelo menos atrapalhar o trabalho de cobrança. De acordo com o ministério, alguns papéis estão armazenados em versões eletrônicas, mas ninguém sabe exatamente quantos processos foram destruídos.

Machado contou que a Polícia Federal foi acionada e que trabalhará na perícia para detectar o motivo do incêndio. Um laudo conclusivo deverá ser divulgado em aproximadamente 15 dias. O ministro ressaltou que ninguém se feriu no incêndio, pois no momento em que o fogo começou apenas um funcionário, que conseguiu sair ileso, estava no prédio.

"Teremos problemas com alguns processos físicos desses setores, que ainda estão em papel. Espero que até o final da próxima semana estejamos trabalhando em linha para a recuperação desses documentos", disse o ministro. Machado afirmou que os funcionários que trabalhavam no prédio destruído seriam deslocados para outras dependências e que retornariam às atividades ainda hoje. Ele garantiu que a memória central da Previdência Social está preservada porque as informações estão armazenadas em sistemas informatizados, com cópias de segurança.

Enquanto as chamas consumiam as instalações do prédio do INSS, documentos parcialmente queimados voavam pelas janelas que já estavam estilhaçadas. A cena foi presenciada por curiosos, a maioria servidores de órgãos que funcionam nas imediações. Eles debatiam sobre a origem do fogo.

Não há informação precisa sobre o momento em que o fogo começou. O único dado oficial é que o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal foi acionado às 7h13 e chegou ao local oito minutos depois, quando o incêndio já havia destruído o sexto andar do prédio. Estima-se que o fogo tenha começado por volta das 6h30.

De acordo com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, as chamas se alastraram rapidamente para outros seis andares do prédio. Além do departamento que cuidava dos autos de infração, foram atingidos os setores responsáveis por logística, financeiro, recursos humanos e coordenação geral de tecnologia informativa. Não há informações sobre quem acionou os bombeiros. Há relatos apenas de que inicialmente o combate teria sido feito por bombeiros profissionais civis, conhecidos como brigadistas, que atuam em outros órgãos sediados na região onde está o prédio do INSS.

O comandante da operação, coronel Sossígenes de Oliveira Filho, disse que se o prédio tivesse uma equipe de brigadistas, especializada na prevenção, "provavelmente o incêndio não teria sido tão grande". De acordo com o presidente do Sindicato dos Bombeiros Profissionais Civis, Edilson Santana, no prédio do INSS não havia brigadistas. "O incêndio poderia ter sido evitado", afirmou Santana. "Nesse prédio era para ter no mínimo 16 bombeiros", avaliou.

O coronel Sossígenes informou que cerca de 150 homens trabalharam no combate ao incêndio e que 17 viaturas foram usadas na operação. Segundo ele, esse foi o maior incêndio registrado no Distrito Federal nos últimos 15 anos. Ele relatou que a equipe teve dificuldades para combater o fogo porque encontrou problemas na pressurização do sistema de hidrantes do edifício. Se estivessem funcionando plenamente, os equipamentos permitiriam um trabalho interno dos bombeiros. Como não foi possível, inicialmente o combate foi feito apenas externamente. Como o prédio é antigo, não há no local aparelhos sprinklers, uma espécie de chuveirinho que borrifa água quando a temperatura do ambiente sobe até determinado grau.

Sossígenes disse que o fogo foi controlado por volta das 10h15. Às 12h30 restavam, segundo ele, apenas brasas no local. O comandante afirmou que um funcionário do Ministério da Previdência foi autorizado e entrou no prédio para tentar resgatar processos. Ele foi acompanhado por bombeiros e, para se proteger, vestiu na operação uma roupa completa de bombeiro.

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