IBGE vai começar a mapear peso econômico da cultura no Brasil, diz Gil

Rio de Janeiro – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está desenvolvendo um estudo para começar a medir o valor econômico da cultura brasileira, anunciou o minsitro da Cultura, Gilberto Gil. O ministro participou, este final de semana, do Fórum Cultural Mundial, na capital fluminense.

?Os indicadores culturais  têm naturalmente  uma origem objetiva e de leitura econômica da experiência social, mas boa parte dos nossos ativos culturais é imaterial, de difícil mapeamento e mensuração?. As festas populares e a produção musical são dois exemplos da dificuldade de se medir a diversidade cultura brasileira, disse Gil.

O mapeamento do IBGE vai medir até, segundo Gil, o uso do tempo livre pelas famílias brasileiras. ?Tempo livre é produção e reprodução, tempo livre é bioeconomia?, frisou. O ministro afirmou, ainda, que o IBGE poderá mapear o sistema de consumo cultural no país.

Gil enfatizou o papel da cultura na economia atual e na forma de gerar empregos de suas instituições deve se traduzir por uma linguagem de planejamento baseada em números, em evidências e estatísticas. Isso será possível, conforme indicou, quando os países  padronizarem e integrarem seus sistemas, respeitando as características e singularidades de cada território.

Nesse campo da padronização reside o desafio da formulação dos indicadores culturais e da percepção de onde está o valor gerado pela cultura, manifestou Gil durante a Conferência Economia Criativa, no Fórum Cultural Mundial.

O ministro saudou a criação recente do Departamento   de Economia da Cultura pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, mas salientou a necessidade de se formular uma base de dados sobre a cultura, que inclua informações sobre mão-de-obra empregada, salários e produções oferecidas a quem vive e sobrevive da cultura.

?Países como o Brasil  vêem mais aplicabilidade  do termo economia da cultura do que do termo indústria cultural, pelo fato de que nossas economias culturais não são e, em alguns casos, não podem ser industrializadas. Elas geram valor e produzem riqueza material e imaterial?,afirmou o ministro.

Gil  disse que o desenvolvimento econômico expressa o bem-estar material enquanto  o desenvolvimento cultural  define a sua qualidade. Aludindo à obra do economista e  ex-ministro Celso Furtado,  falecido em 2004, ele afirmou que o desenvolvimento real de um país passa pelo desenvolvimento cultural. ?Está ficando claro para todos nós que sem esse desenvolvimento considerado como cultural, os demais campos do desenvolvimento podem até ocorrer, mas não se firmam?.

O ministro destacou a importância de se aprofundar os trabalhos sobre a economia criativa. ?No momento atual em que o país  volta a falar em desenvolvimento com essa vontade toda de crescer, é importante consideramos a questão do desenvolvimento do ponto-de-vista de que   ele é feito não apenas de cifras, mas de humanidades?. Essa observação dá destaque à economia cultural, observou Gil. ?Toda produção plena é uma produção cultural?, acrescentou.

O ministro lembrou que quando se estabelece qualquer forma de criação, comunicação  ou difusão, sejam materiais ou imateriais, estamos produzindo e transmitindo cultura. ?A economia da cultura permeia as várias formas de economia?, assegurou.

Segundo o ministro, é preciso agora mapear a economia criativa, a economia da cultura. Gil condenou as políticas de protecionismo dos países industrializados que se expressam hoje pela propriedade intelectual. ?São reservas de mercado. Acredito  que devemos deslocar o protecionismo para os países e  grupos culturais  que de fato necessitam e flexibilizar ao máximo o acesso à cultura como forma de gerar ocupação real, qualidade de vida real para milhões de pessoas?.

Gilberto Gil enfatizou que a visão de que escala marca os paradigmas da produção industrial é  um conceito que não necessariamente se pode aplicar a esse nível das chamadas economias criativas. ?A combinação de singularidade e menor escassez para o espectro para a circulação marca os desafios da economia da cultura e da gestão política dessa economia?, declarou.

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