Ibama e da Polícia Federal revelam esquema de comércio ilegal de madeira

Brasília – A Polícia Federal deu início, na madrugada desta terça-feira (5), à Operação Daniel para cumprir 58 mandados de prisão temporária contra supostos envolvidos em uma quadrilha que atuava no comércio ilegal de madeira em Rondônia e Mato Grosso. Segundo o chefe da Divisão de Crimes Ambientais da PF, Jorge Pontes, pelo menos 34 pessoas já foram presas até o momento.

Entre os suspeitos com prisão temporária decretada, sete são funcionários do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e três, da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Também estão com mandados expedidos o coordenador técnico da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam-RO) e ex-superintendente do Ibama no estado, Erismar Moreira da Silva, a advogada Flávia Ronchi da Silva, quatro contadores e 42 empresários e lobistas da região.

De acordo com Pontes, o grupo agia há pelo menos cinco anos em 10 municípios de Rondônia e em dois do Mato Grosso. A madeira era retirada principalmente de unidades de conservação e os prejuízos ambiental e financeiro ainda não foram estimados. Os empresários adquiriam ilegalmente o documento que autoriza o transporte da madeira (Autorizações de Transporte de Produtos Florestais – ATPFs) para ser usado nos municípios de Ji-Paraná, São Francisco do Guaporé e Costa Marques.

A operação, realizada em parceria com o Ibama, envolve cerca de 250 policiais federais, além de servidores do instituto. Também serão cumpridos 63 mandados de busca e apreensão.

A investigação começou em fevereiro de 2006, depois da denúncia de um servidor do Ibama de que estava sofrendo pressão de empresários para liberar ilegalmente as ATPFs. O nome da operação é uma referência à expressão ?Daniel na cova dos leões?, referência ao profeta Daniel, que foi jogado em uma cova para ser devorado por leões famintos e saiu ileso.

O funcionário, que não teve sua identidade revelada por motivos de segurança, passou a atuar como ?agente colaborador? e negociava com a quadrilha. Com autorização judicial, a PF gravou vídeos e conversas telefônicas em que os empresários ofereciam propina ao servidor. Pelo serviço, os empresários ofereciam R$ 2 mil por ATPF retirada do Ibama e R$ 5 mil por semana para a liberação do documento para as empresas ?fantasmas?. Durante a investigação, o funcionário recebeu um total de R$ 21.510, que foram apreendidos pela PF.

De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, os funcionários presos serão afastados e passarão por processos administrativos que podem resultar em demissão, caso a suspeita seja comprovada. Entre as ações para combater a corrupção no órgão, a ministra citou a contratação de 1.400 funcionários.

?Essas pessoas vêm motivadas, cheias de idealismo e aqueles servidores que há décadas faziam corrupção dentro do sistema são denunciados por essas pessoas?, ressaltou. As operações realizadas nos últimos três anos resultaram na demissão de 24 servidores.

Esta é a 13ª operação conjunta do Ibama e da Polícia Federal desde 2003. Incluindo a ação desta terça-feira, essas operações resultaram na prisão de 415 pessoas, sendo 100 servidores do Ibama, 19 servidores públicos de outras instituições e 296 empresários, lobistas, advogados e contadores.

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