Greve de fome não é aceitável, mas dá o que pensar, diz Dom Odilo

A greve de fome "até morrer" do bispo Luiz Flávio Cappio em protesto contra a transposição do Rio São Francisco não é moralmente aceitável, na avaliação do secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Odilo Pedro Scherer, um dos homens mais influentes da cúpula da Igreja no Brasil. Em entrevista à Agência Estado, o representante da CNBB disse que espera um diálogo entre o governo e o religioso. A conferência quer deixar claro, sem fazer críticas a Cappio, seu posicionamento em defesa da vida e contra formas de interrupção como o suicídio e a eutanásia.

Questionado como via o fato de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou uma carta para o bispo Luiz Cappio, mas evitou comentar, ontem, se vai atender à solicitação do religioso, Dom Scherer disse que não tinha conhecimento da carta mas avaliava que o presidente deseja dialogar com Dom Cappio para chegar a uma feliz solução para esse impasse.

Dom Odilo acha que Dom Cappio colocou o governo diante de uma decisão difícil com sua greve de fome. Mas ponderou que "o diálogo é a via desejável para se chegar a uma solução aceitável para o governo e para a questão do Rio São Francisco".

Questionado de quem será a culpa se Dom Cappio morrer, Dom Scherer afirmou: "Eu desejo que ele não morra e também viva o Rio São Francisco, para dar vida a muita gente. A ‘greve de fome até morrer’, moralmente, não é aceitável".

Segundo Dom Odilo, a atitude do bispo deixa clara a complexidade de toda a questão. "Meu desejo seria que se chegasse a uma solução dialogada. No projeto da transposição, existe uma multiplicidade de aspectos que precisam ser devidamente levados em conta: ambiental, técnica, econômica, política, humanitária". Para Dom Scherer, "o certo é que o governo se viu, de repente, diante de um problema inesperado; talvez percebeu melhor alguns aspectos delicados do projeto de transposição do rio São Francisco: aspectos não suficientemente percebidos, ou não suficientemente trabalhados até agora".

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