Governo vai criar Secretaria de Comércio

O governo vai criar nos próximos dias a Secretaria de Comércio, que ficará subordinada ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. O anúncio foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante audiência com o presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Antônio Oliveira Santos. Segundo ele essa secretaria vai representar o elo entre o governo e o comércio, com objetivo de conhecer as reais demandas do setor.

Oliveira Santos reclamou do alto custo do financiamento e da carga tributária durante a audiência com Lula, da qual participaram também Furlan e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O alvo de suas críticas foi o spread bancário, ou seja, aquilo que os bancos cobram acima da taxa de juros básica para cobrir seus custos administrativos e a taxa de risco. "Não nos preocupa a taxa Selic. O que importa são os juros bancários na ponta da linha, que apresentam taxas para os comerciantes de 45% 50%, e para o consumidor vai a mais de 120% ao ano", disse Santos.

Ele pediu mais atuação do Banco Central para reduzir o spread e sugeriu duas medidas nesse sentido: diminuir o compulsório dos bancos e a incidência da carga tributária sobre as instituições bancárias.

Questionado se não seria um contra-senso dar mais vantagens a um setor que está obtendo lucros exorbitantes para ele reduzir os juros, Oliveira Santos, disse que não ia criticar os bancos. Mas salientou que, certamente, sem estas vantagens, não haveria diminuição das taxas.

Lula, Palocci e Furlan não comentaram essas sugestões, informou o presidente da CNC. "Certamente na cabeça deles, eles ficaram pensando no que falamos", observou. Durante as campanhas à Presidência, o presidente Lula repetiu reiteradas vezes que em seu governo os bancos não teriam os altos lucros que tinham.

Para reduzir a carga tributária, Oliveira Santos sugeriu a Lula o corte nas despesas públicas. "O País não pode progredir com uma carga tributária de 37, 38 ou 39%", comentou. Ele acha que é preciso haver um planejamento para que haja corte dos gastos nos próximos dez ou 15 anos, para que se consiga chegar a uma carga tributária de até 25%.

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