O governo federal vai patrocinar uma seleção nacional para descobrir talentos esportivos em todo o País, em várias categorias, e formar um banco de talentos. A intenção é avaliar 2 milhões de crianças e adolescentes entre 10 e 15 anos até o final deste ano. O primeiro dia da seleção será o próximo domingo, quando 100 mil jovens já deverão participar, de acordo com estimativa do Ministério do Esporte.
O programa, segundo o Ministério, procura aproveitar o interesse de crianças e adolescentes por atividades esportivas, despertado pelos resultados brasileiros na Olimpíada de Atenas e no último Pan-Americano de São Domingos. Apesar de não parecerem muito importantes se comparadas à potências mundiais do esporte, elas foram as melhores campanhas esportivas que o País já obteve nesses jogos.
De acordo com o ministro dos Esporte, Agnelo Queiroz, as estatísticas apontam para a descoberta de cerca de 40 mil talentos entre as 2 milhões de avaliações até o final de 2005. Em São Paulo, a meta é avaliar 369 mil crianças este ano em todo o Estado e 19 mil na capital apenas este domingo. Mas a intenção é que o processo continue permanentemente nas escolas das redes pública e privada de ensino básico depois que professores forem capacitados. O ministério ainda pretende marcar um dia por ano para repetir a fórmula do próximo domingo.
Neste dia, as avaliações serão feitas em todas as capitais em espaços públicos, como praças, parques e escolas públicas. O Ministério do Esporte e nove universidades brasileiras que compõem uma rede de desenvolvimento de tecnologia para esportes – entre elas a USP e a Universidade Federal de São Paulo – treinaram professores de outras instituições que irão avaliar os estudantes. Apenas em São Paulo serão 407 avaliadores.
Critério – A avaliação será única em todo o país e vai analisar se o desempenho da criança é compatível com esportes de rendimento e competição. Nos testes entram, por exemplo, medida de estatura e envergadura, flexibilidade, resistência, agilidade e velocidade.
Os resultados serão comparados, por computador, com informações de atletas campeões. As crianças que mostrarem vocação para o esporte serão integradas a um banco de dados a ser organizado pelo ministério. “Clubes, estados, empresas terão acesso a esse banco e poderão patrocinar esses jovens talentos”, disse Agnelo.
No resto do ano as avaliações passarão a ser feitas nas escolas, com os professores analisando os alunos na hora das aulas de educação física. Para isso as escolas terão que procurar as secretarias estaduais e municipais para aderir ao programa. “Uma vez que tenha os professores treinados as escolas poderão avaliar permanentemente e alimentar o banco de talentos que o ministério está criando”, disse André Arantes, secretário de Esportes de Alto Rendimento. “Temos 20 milhões de crianças de 10 a 15 anos nas escolas hoje e só trabalhamos com 10% delas nos esportes”.
O ministério, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também começará uma pesquisa em todos os municípios do País para levantar a infra-estrutura de esporte existente em cada local, incluindo clubes, escolas e espaços públicos. “A partir disso poderemos ter uma política pública de esporte com base científica. Poderemos respeitar o interesse da população local, sua realidade e sua vocação. Certamente cometeremos muito menos erros”, disse o ministro.