General Motors do Brasil argumenta que obteve lucro no 1º trimestre

Enquanto a matriz americana agoniza, a General Motors do Brasil consegue reverter perdas no País e registrou lucro no primeiro trimestre, resultado que não alcançava desde 2002. "Foi um lucro pequeno, mas já é um bom sinal diante do grande prejuízo que tivemos no ano passado", diz o presidente da subsidiária brasileira, Ray Young. Com o desempenho, a GM do Brasil contribuiu para o balanço da matriz, que não está nada bem, apesar de o prejuízo global ter apresentado queda em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a março a GM, maior fabricante mundial de carros, perdeu US$ 323 milhões, ante resultado negativo de US$ 1,3 bilhão no primeiro trimestre de 2005.

Young não revela o resultado da operação brasileira, por questões internas da companhia. A região em que o País está inserido, chamada da Laam, e que inclui a América Latina, a África do Sul e o Oriente Médio, obteve lucro de US$ 56 milhões, 80% a mais que os ganhos do primeiro trimestre de 2005. O Brasil responde por cerca de 40% das vendas dessa região.

Na apresentação do balanço do grupo feita hoje (20) nos Estados Unidos, o presidente mundial da GM, Rick Wagoner destacou a significativa melhora dos resultados do Brasil. "A GM continua batendo recordes de venda e participação de mercado na América Latina, África e Oriente Médio", acrescentou.

Segundo Young, o resultado positivo no País, que ele espera seja mantido durante todo o ano, foi alcançado com ações drásticas. Uma delas é a suspensão de descontos na venda de automóveis no mercado interno. Nos últimos anos, a empresa travou uma guerra de preços com as concorrentes para garantir participação de mercado. Em 2004, a estratégia deu certo e, pela primeira vez em sua história, foi líder de vendas no mercado brasileiro.

Já este ano, a empresa trocou participação por rentabilidade, constata o consultor Richard Du Bois, da BDO Trevisan. Young confirma. Modelos que chegaram ao mercado recentemente, como o novo Celta, apresentado este mês, e o Classic, lançado em janeiro, são vendidos a preços de tabela. A mesma estratégia está sendo adotada no mundo todo, diz Du Bois.

O mercado brasileiro respondeu à mudança. A GM fechou o trimestre em terceiro lugar em vendas de automóveis e comerciais leves, com 21,4% de participação, atrás da Fiat, com 24%, e da Volkswagen, com 23,7%. Outra ação polêmica que ajudou nos resultados da filial brasileira foi o aumento de preços dos carros exportados, para amenizar perdas com o câmbio. A medida resultou em queda de 4% no volume de carros exportados, para 48 mil unidades. Em valores, houve incremento de 20%, para US$ 450 milhões.

Para o segundo trimestre, Young trabalha com queda de 30% nas exportações. "Devemos exportar 40 mil veículos, ante 60 mil no mesmo período do ano passado." Em valores, deve haver empate em relação ao resultado de 2005.

A GM brasileira também iniciou amplo programa de redução de custos materiais e estruturais que passam até pela proibição de uso da máquina de cópias coloridas. Young conta que uma cópia feita na máquina colorida custa em média R$ 1. Na branco e preto sai por R$ 0,10. "A medida envolve todos os setores da empresa, e inclui o presidente", diz.

No início do ano, Young disse que a GM iria excluir das suas exportações vendas que não fossem rentáveis, uma forma de driblar a perda com o real valorizado frente ao dólar. "Assumi um compromisso com a direção mundial de conseguir lucratividade no Brasil e o resultado do primeiro trimestre é um sinal de que podemos atingir esse objetivo, embora sabemos que há muito trabalho a ser feito para isso", afirma o executivo. Levando-se em conta o balanço do ano completo, a GM não ganha dinheiro no País há oito anos.

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