Garotinho defende redução de juros e impostos e o aumento do crédito

O ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PMDB), afirmou na noite desta quinta-feira (09) que a redução das taxas de juros e da carga tributária e o aumento do crédito formam o eixo da proposta econômica do plano de governo do PMDB na disputa pela Presidência da República nas eleições de 1º de outubro.

?É necessário reduzir as taxas de juros aos níveis compatíveis com que o mundo inteiro pratica. Hoje, entre os 40 países com os quais o Brasil mantém relações comerciais, a média de juros reais nesses países de 1,3%. O Brasil pratica uma taxa de juros reais que beiram aos 13%. Isso é inadmissível?, disse Garotinho no programa ?Brasil Nação?, da TV Paraná Educativa, na noite de quinta-feira (09).

?Precisamos reduzir os juros e reduzir a carga tributária, que não subiu para melhorar a qualidade de vida da população, subiu para pagar os juros do sistema financeiro. E precisamos aumentar o crédito. Existe uma fórmula que qualquer cidadão entende: menos juros, menos impostos e mais crédito é igual a melhor salário, melhor distribuição de renda e maior crescimento do país?, completou.

Garotinho foi entrevistado pela jornalista Maria Flores, pelo cientista político César Benjamin e pelo empresário José Eduardo de Andrade e Vieira. Benjamin, que participou da elaboração do programa de governo do PMDB, afirmou que a economia brasileira, nos últimos 15 anos, tem como centro e foco principal os fluxos financeiros. Segundo ele, a economia real ? a indústria, a agricultura, os serviços – se ajusta e serve aos fluxos financeiros.

?A grande inovação é uma inversão deste ponto de vista. A economia real passa a ser o centro da preocupação. Os fluxos financeiros devem se ajustar e ajudar a economia real e não a sugá-la. O foco da economia passa a ser a geração de emprego e renda. Não existe economia abstratamente, existem pessoas, cidadãos, que precisam de emprego e renda?, disse.

Para aumentar o emprego e renda, o PMDB defende a retomada das taxas de crescimento. O Brasil que já foi líder mundial em crescimento, nos últimos 20 anos teve taxas pífias, equivalentes ao crescimento populacional. ?A renda per capita está estagnada e para aumentar a taxa de crescimento, precisa aumentar a taxa de investimento, só cresce quem investe?, disse Benjamin.

Controle

Para Garotinho, a entrega da economia ao neoliberalismo em quase duas décadas atiçou o capital especulativo. Segundo o PMDB, hoje se estima que existam cerca de US$ 23 bilhões em ativos líquidos que ameaçam fugir do país se o Brasil rebaixar suas taxas de juros. ?Para rebaixar as taxas de juros, é necessário reintroduzir o controle sobre a saída de capitais?, avaliou.

Além do controle da saída de capitais, Garotinho defende ainda a democratização do Conselho Monetário Nacional, composto atualmente, na sua maioria, por representantes do sistema financeiro. ?O Conselho Monetário Nacional tem que ser amplo, com participação dos setores da indústria, do comércio, dos serviços, da agricultura e dos trabalhadores. A meta da inflação, a meta do crescimento e outras metas da economia não pode ser só a visão do sistema financeiro?, afirmou.

?Ao longo desses últimos anos, o Brasil foi incorporando uma idéia que ele é muito fraquinho e que ele depende do especulador internacional para crescer. Isso não é verdade. O BNDES está cheio de dinheiro e não consegue realizar o seu orçamento, sobra dinheiro. Sobra dinheiro na Caixa Econômica Federal, sobra dinheiro no Banco do Brasil e o governo brasileiro faz um superávit primário de R$ 80 bilhões. O problema é o aumento de recursos dentro do Brasil, o problema é que esses recursos não estão sendo dirigidos em investimentos?, explicou, por sua vez, César Benjamin.

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