Gabeira e senador batem boca em sessão da CPI

A sessão administrativa de ontem da CPI dos Sanguessugas terminou em bate-boca entre o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) e o senador Wellington Salgado (PMDB-MG). Eles se desentenderam depois das críticas do senador ao trabalho da comissão. Gabeira disse que Salgado "revelava uma ignorância histórica acachapante" e o acusou de trabalhar na CPI para livrar integrantes do PMDB supostamente envolvidos com o esquema de venda de ambulâncias superfaturadas para prefeituras.

"A posição do senador Wellington Salgado é de parte do PMDB. E parte do PMDB é uma quadrilha", acusou Gabeira. Ele sugeriu também que o senador pedisse demissão da presidência da Comissão de Educação do Senado, uma vez que é dono de uma rede de universidades particulares. "Não fiz história com seqüestro. Represento a escola privada sim, com muito orgulho. Não faço tráfico. Eu gero empregos", reagiu Salgado.

Em 1969, Gabeira participou do seqüestro do então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Elbrick, para trocá-lo por presos políticos. Depois do bate-boca, o senador entregou sua carta de demissão da sub-relatoria de investigação da máfia dos sanguessugas.

"Tenho orgulho de ser presidente da Comissão de Educação. Não vou deixar o cargo. O deputado Gabeira detém geneticamente uma língua afiada porque ataca a todos", afirmou Salgado, que é suplente do ministro das Comunicações, Hélio Costa.

Antes da instalação da CPI, em maio, o senador foi à tribuna para condenar as declarações de Gabeira. Na época, o deputado disse que a comissão seria criada "nem que para isso fosse necessário jogar um coquetel molotov no Congresso". Salgado comentou que o discurso de Gabeira se assemelhava ao da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). "Me surpreende saber que o senador é diretor de universidade. Espero que seus alunos saibam mais do que ele. Afinal, o coquetel molotov foi criado na época da invasão russa na Finlândia", explicou Gabeira.

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