Fogo no circo

O paranaense Antônio Fernando Souza, procurador-geral da República, mais uma vez atrai a atenção do País. Está em suas mãos, e a nação aguarda com a confiabilidade derivada das decisões anteriores do ínclito defensor da sociedade, uma palavra final sobre a instalação da CPI do Apagão Aéreo.

Esta foi a informação fornecida pelo presidente em exercício do STF, ministro Gilmar Mendes, aos líderes dos partidos de oposição que o procuraram com a finalidade de solicitar o apressamento das providências para o funcionamento da comissão parlamentar de inquérito sobre o caos nos aeroportos, cujo fantasma ameaça fazer novos estragos neste feriadão de Páscoa.

Mendes explicou aos deputados que o andamento do assunto no Supremo depende do parecer do procurador-geral da República, porquanto a medida liminar assinada pelo ministro Celso de Mello, autorizando o desarquivamento do pedido de instalação da CPI na Câmara, tem efeito parcial.

De sua parte, o procurador Antônio Fernando Souza deixou transparecer a convicção de que a CPI tem fato determinado que justifica sua instalação, além da referência ao tácito direito das minorias.

A insistência da oposição pela CPI ganhou ânimo redobrado com o recrudescimento da rebeldia dos controladores de vôo na sexta-feira passada, inclusive com a barretada sobre a disciplina militar, seguida pela desautorização da ordem de prisão dos cabeças da greve, emitida pelo comandante da FAB, brigadeiro Juniti Saito. A seqüência de atitudes conflitantes, emblemática da precária sintonia existente nas esferas superiores do governo federal, também serviu de nutriente para a ação oposicionista.

Para a oposição, muito além da oportunidade de criar mais um problema para o governo, investigando as origens do apagão aéreo, a CPI é o instrumento indicado para esclarecer um assunto político-administrativo rumoroso. Os líderes da coalizão pensam que a CPI é desnecessária, tendo em vista que a paralisação dos controladores explicitou o fato determinante, e uma investigação sob as circunstâncias do momento seria como tocar fogo no circo.

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