Floresta amazônica já perdeu 631 mil quilômetros quadrados

O desenvolvimento sustentável passa ao largo das duas mais extensas florestas do País. Por causa do desmatamento, a maior reserva tropical úmida do mundo, na Amazônia, acumula 631 mil quilômetros quadrados de área bruta desflorestada, segundo dados de 2002 do IBGE.

A Mata Atlântica foi quase totalmente destruída ao longo dos anos, restando menos de 10% da floresta nativa, originalmente formada por mais de 1 milhão de quilômetros quadrados.

“Anualmente, na floresta amazônica, desaparece a vegetação primária de cerca de 20 a 25 mil quilômetros quadrados área equivalente à do Estado de Sergipe, seja por causa de incêndios ou queimadas”, diz o coordenador de Indicadores Ambientais do IBGE, Judicael Clevelário, chamando atenção para o preço que vamos pagar em nome do desenvolvimento econômico, pois as queimadas estão geralmente relacionadas à expansão da atividade agropastoril registrada no País.

Alerta

“Qual o tipo de ganho que vamos ter com esse tipo de aumento da produtividade na pecuária e na agricultura? Com a velocidade com que se desmata, a floresta vai ser destruída”, alerta.

Segundo o IBGE, o processo foi acelerado nas últimas quatro décadas e é mais acentuado nas bordas sul e leste da Amazônia Legal, área chamada de Arco do Desflorestamento, onde a destruição de mata nativa é indiscriminada, seja por causa da extração predatória da madeira ou para renovar ou abrir pastos e áreas agrícolas. O prejuízo é tão grande que há formações vegetais já sob risco de desaparecimento, ameaçando a maior biodiversidade do planeta.

A taxa de desflorestamento bruto acumulado na Amazônia Legal, que abrange nove Estados, considera o desmatamento de florestas primárias, ou seja, nativa, e também as secundárias, resultado da recomposição natural de uma área antes destruída. O Pará registra a maior área atingida entre 1992 e 2002: 215 mil quilômetros quadrados.

Foi calculada também a taxa estimada de desmatamento, que é a razão, em porcentual, entre a área desflorestada anualmente e a área florestal remanescente. Em 2000/2001, ficou em 0,52%, número que ra de 0,38% em 1991/1992.

A Mata Atlântica perdeu mais de quatro mil quilômetros quadrados de área no período entre 1995 e 2000, ou seja, 2,45% da área total – cinco vezes maior do que a proporção de área desflorestada de restinga e quase 20 vezes mais do que a registrada em manguezais.

Fogo

A pesquisa do IBGE mostra que a quantidade de focos de calor mais do que dobrou entre 1998 e o ano passado, subindo de 107.007 para 212.989, embora, durante o período, tenha sido usado metodologias diferentes. O problema ocorre, principalmente, durante a estação seca, ou seja, de maio a setembro.

Considerando o dado por região, o maior aumento absoluto foi registrado no Nordeste, onde houve um crescimento de quase 48 mil focos no período analisado. Proporcionalmente, o Sul lidera, com uma diferença de 277%.

Judicael observa que o País tem um ótimo monitoramento dos focos de calor, identificando rapidamente a presença do fogo “mas um controle do problema que não acompanha o mesmo ritmo”.

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