Filha de Roberto Jefferson vai arriscar candidatura a deputada

O bordão já está pronto: "Tentaram calar a voz do meu pai. Não vão calar a minha." A vereadora do Rio, Cristiane Brasil, filha do deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor das denúncias do mensalão, já está trabalhando para ocupar o lugar do pai na Câmara em Brasília. A primeira providência foi incorporar o sobrenome famoso. Agora, ela se chama Cristiane Jefferson Brasil.

Na disputa por uma vaga de deputada federal, a vereadora acredita que receberá os votos do eleitor inconformado com a punição do político que fez ruir boa parte do governo Lula e revelou o milionário esquema de compra de aliados na Câmara. "Será o voto da indignação, o voto da resposta. O povo viu que meu pai falou a verdade. Vai dar o troco. Na campanha, meu pai estará grudadinho comigo", avisa Cristiane.

Entre as verdades, como chama a vereadora, contadas por Jefferson, o ex-deputado confessou ter recebido do PT R$ 4 milhões do PT não declarados à Justiça Eleitoral. Disse ainda que o PTB fazia nomeações para cargos federais com o objetivo de facilitar aproximação com empresas que, no futuro, pudessem ajudar o partido. Perdeu o mandato e ficou inelegível por oito anos.

"Meu pai ousou romper com os dogmas da política, era um provável candidato ao governo do Rio. Vou enfatizar que quem não gostou do que aconteceu com ele tem que dar uma resposta", diz a vereadora, que aponta dificuldades para arrecadar dinheiro depois do escândalo do caixa 2. "Vai ser uma campanha pobrinha", acredita.

As previsões de Cristiane, no entanto, são otimistas. Ela calcula que terá "acima de 100 mil votos". Tem feito pesquisas qualitativas e conta o resultado: "Acredite: meu pai está imbatível na juventude."

Em Pernambuco, a campanha da reação contra uma "injustiça" será feita pelo ex-deputado estadual Fábio Corrêa Neto. Fábio é filho do deputado cassado Pedro Corrêa, presidente nacional do PP, punido pelo envolvimento com o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Por causa de um problema de doença na família, pai e filho passaram a semana incomunicáveis no Recife.

Um plano B de Corrêa, segundo parlamentares do PP, seria a candidatura da filha Aline no lugar de Fábio. Pai e filha foram incluídos no relatório final da CPI da Pirataria, mas sempre negaram qualquer envolvimento com organizações criminosas, como suspeitou o relator Josias Quintal (PSB-RJ).

Por enquanto, Pedro Corrêa foi o único parlamentar do PP punido com cassação de mandato. O PP recebeu R$ 4,1 milhões do valerioduto. Os dirigentes do partido reconhecem apenas o recebimento de R$ 700 mil, mas nem assim Corrêa escapou. Vadão Gomes (SP) e José Janene (PR) aguardam julgamento no Conselho de Ética e Pedro Henry (MT) foi absolvido tanto no conselho quando no plenário.

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