FHC pede que PSDB defenda classe média

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou sua palestra nesta terça-feira (17) no 20º Fórum da Liberdade, na capital gaúcha, para mandar um recado crítico ao PSDB. FHC cobrou que a legenda defenda "em alto e bom som" suas bandeiras, afirmando que o partido é o da modernidade, a favor da prosperidade, da propriedade, da competição, da democracia e da igualdade de oportunidades. Ele também defendeu as privatizações feitas em seu governo, um tema explorado pelos adversários na campanha eleitoral de 2006.

"Fizemos privatizações e foi bom que tenhamos feito", afirmou, para em seguida negar que o partido tenha intenção de privatizar a Petrobras. Ele destacou em particular a transferência da telefonia para o setor privado. FHC também fez um diagnóstico desfavorável da organização do PSDB, aspecto no qual seu partido não é eficiente, conforme ele. O ex-presidente ainda recomendou que o PSDB seja um crítico "contumaz" de tudo o que estiver errado. Outro conselho ao partido foi o de defender a classe média. Segundo FHC, não há contradição em defender os setores médios e ter apoio popular.

Questionado ao final do evento sobre se estava dando um puxão de orelhas no PSDB, o ex-presidente procurou amenizar o discurso. "Eu não, eu puxei as minhas próprias orelhas", respondeu. FHC reiterou também sua posição favorável à reeleição. Indagado sobre a influência de sua posição no partido, ele argumentou que não vive o dia-a-dia do PSDB e considerou que esta questão não é crucial para os tucanos.

"O crucial é se posicionar conversando com a sociedade, buscar um contato mais direto com vários setores, mostrar que é um partido competente e que não tem por que se envergonhar do que fez", acrescentou. Ao responder sobre o possível candidato do PSDB ao Planalto em 2010, FHC disse que é preciso dar "tempo ao tempo", ver o desempenho de cada um e a opinião do povo para decidir.

O tema central do Fórum da Liberdade este ano foi "Propriedade e Desenvolvimento", encerrado pela palestra de FHC. Nela, o ex-presidente fez um histórico dos avanços democráticos do Brasil e avaliou que as próximas mudanças nesta área serão "culturais e de virtudes". Conforme ele, nossa cultura é de tolerância, mas não pode ser conivente com a quebra das leis. "O fundamental é um sistema em que as pessoas se sintam responsáveis perante a lei e que ela seja cumprida", resumiu.

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