FHC diz que PSDB não pode ter pressa para escolher candidato

Oxford, Inglaterra – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso desmentiu hoje (19) os rumores de que já teria decidido apoiar à pré-candidatura do prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), à presidência da República. "Isso não é procedente, até porque nem estou no Brasil", disse Fernando Henrique numa entrevista coletiva à imprensa antes de proferir uma palestra na Universidade de Oxford. "Eu falo com muita gente e sempre digo a mesma coisa, mas as pessoas podem selecionar do que eu disse aquilo que lhes interessa mais."

Ele disse que nas conversas que vem mantendo com os líderes tucanos, tem sempre ressaltado que os dois pré-candidatos do partido, Serra e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, "são bons candidatos, têm credenciais". Mas observou: "Posso falar bem de um ou do outro, mas não vou dizer que deve ser este ou aquele. É um engano imaginar que a seleção de um candidato será feita por mim, ou pelo presidente do PSDB, Tasso Jereissati, isso não seria democrático."

Ele disse que o PSDB não deve ter pressa na escolha de seu candidato e acredita que a decisão será tomada sem a necessidade de uma prévia no partido, mas sim por meio de uma discussão que leve ao consenso. "Os candidatos precisam encontrar um mecanismo pelo qual eles possam se sentir à vontade de dizer: será fulano e não beltrano e eu vou apoiá-lo", disse. "Ambos têm maturidade, são líderes provados e após uma análise vão chegar a uma conclusão", disse.

Fernando Henrique, no entanto, reiterou "que é preciso não se ter pressa, pois ela é inimiga do bom resultado." Segundo ele, "o ideal" é que o partido tome uma decisão até março. "Mas o importante é que tenhamos um candidato que conte com apoio, que mostre que o partido está unido em torno de uma solução boa para o País."

Pesquisa é estado transitório

Fernando Henrique ressaltou que a decisão de Serra permanecer ou não na prefeitura é um fator chave para o processo de escolha do candidato tucano. "Isso é uma questão real, um problema dele", disse. "O Serra primeiro tem que tomar uma decisão, pensar com os botões dele, se ele tem condições, trata-se de uma decisão prévia a qualquer outra coisa", disse.

Segundo Fernando Henrique, as pesquisas eleitorais – que apontam hoje Serra como um candidato mais forte do que Alckmin – não devem determinar a escolha do candidato tucano. "O PSDB não está preocupado com pesquisa, pois ela é um estado transitório", disse. "Tem de ver o potencial, não adianta ter mais (pontos) agora. E no futuro, vai ter mais?" Ele ressaltou que outros fatores têm que ser levados em consideração. "Quem vai estar realmente disponível, que vai renunciar, para começar."

Segundo o ex-presidente, "o povo não está nem aí" com a eleição. "Isso vai acontecer mais tarde, a população quer saber hoje é do arroz, da escola, da segurança, das dificuldades da vida, e está vendo com certa preocupação os escândalos no Brasil", disse. "A preocupação com os candidatos fica restrita aos políticos e jornalistas."

"Minha candidatura?"

Ao ser questionado se pretende se candidatar ao governo de São Paulo, ele foi taxativo: "Minha candidatura? Só faltava essa. Desde que eu deixei de ser presidente nunca disse outra coisa, ou seja, que não seria mais candidato a nada. Cada um tem de saber seu momento na história."

Fernando Henrique disse que é favorável à reeleição do presidente, apesar da proposta do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que defende um único mandato, ampliado. "Sempre fui favorável à reeleição, já na Constituinte.", disse. "Por quê? O Presidente Lula acabou de verificar que em quatro anos não se faz nada, não dá tempo, ainda mais num país como o Brasil", disse. "Argumenta-se que o presidente vai cuidar a maior parte do tempo da reeleição. Mas isso se ele for um presidente que não merece ser reeleito. Um bom presidente não precisa se preocupar pois ele será reeleito."

Segundo ele, um único mandato limita o poder do chefe de Estado. "No terceiro ano de mandato, o presidente se torna no que os americanos chamam de ‘pato manco’, ninguém liga para ele" disse.

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