FHC cobra de Lula propostas para crescimento do País

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) cobrou duramente nesta segunda-feira (30) do presidente reeleito pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, propostas concretas para o crescimento do Brasil. FHC disse não acreditar na promessa feita ontem por Lula de que o Brasil poderá crescer no ano que vem a uma taxa em torno de 5%. Isso porque, na sua avaliação, até o momento o governo petista ainda não apresentou uma agenda concreta neste sentido.

"O Brasil não vai crescer 5% enquanto não houver a contrapartida dos investimentos públicos, respeito às agências reguladoras, redução de gastos públicos e a diminuição dos quadros partidários, que substituíram gente competente", emendou. A previsão sobre os rumos da economia brasileira foi feita pelo ex-presidente tucano em almoço realizado hoje com 387 executivos do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em um hotel da capital.

Além de demonstrar falta de confiança no crescimento prometido por Lula, FHC ironizou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Na palestra, FHC disse que ele "pode até ser irresponsável ao falar que o Brasil vai crescer 5%, sem dizer como, porque está no cargo há pouco tempo". Neste momento, o tucano arrancou risos da platéia, composta por empresários que, segundo os organizadores do evento, representam 40% do PIB nacional.

FHC disse que sua legenda vai discutir prioritariamente o crescimento do Brasil. E avisou: "não adianta (Lula) ficar fazendo comparações distorcidas", reiterando que muitos dos avanços pregados pelo petista foram obras de sua administração. "Estamos tão atrasados que as pessoas tremem de medo quando ouvem falar de privatização. O Brasil não pode ter medo de competir, de seguir as regras da lei e de romper com as estruturas patrimonialistas", afirmou.

Apesar das duras críticas, o ex-presidente tucano disse que não gostaria de fazer um julgamento precipitado. Mas ressaltou que a sua avaliação tem como base o fato de o governo do presidente Lula não ter demonstrado empenho em reduzir gastos correntes, reduzir impostos, respeitar as regras e as agências reguladoras para atrair o capital privado. "A taxa de investimento público na área de infra-estrutura, que era de 2% do PIB, hoje está em torno de 0,4% do PIB", criticou.

Além dessas questões, FHC disse que é preciso ter regras claras para a Previdência Social, e o déficit acumulado de mais de US$ 40 bilhões. "A renda do trabalhador não aumentou e o emprego diminuiu", criticou. Apesar de reconhecer que o governo Lula reduziu as desigualdades sociais no Brasil, FHC alfinetou: "se não houver crescimento econômico, a redução da desigualdade social não vai se sustentar. É por isso que o PSDB vai cobrar propostas concretas para o crescimento".

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