FHC afirma que Lula “virou um político banal”

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) criticou duramente o presidente e candidato à reeleição pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista concedida hoje à rádio CBN. Ele rebateu as afirmações que o petista vem fazendo na campanha eleitoral, dentre elas a de que os tucanos têm preconceito contra pobres e nordestinos. "(Lula) deveria ter a responsabilidade moral de não dizer uma inverdade desta. É acirrar uma visão equivocada e marcar o preconceito", afirmou. "Acho lamentável. A decepção que eu tenho com o presidente Lula é muito grande porque ele virou um político banal que usa essas coisas para ganhar eleição.

FHC argumentou que no passado defendeu o petista quando se dizia que alguém sem curso superior não deveria governar o País. "Eu fui o primeiro a dizer: isso não é verdade. Era o mesmo preconceito que se jogava contra ele e agora ele faz o contrário jogando contra os tucanos.

Na entrevista à rádio CBN, FHC rebateu também as afirmações da oposição de que o PSDB é um partido das elites. "A oligarquia brasileira toda no Norte e Nordeste votou no Lula. Isso é pobre? Esta análise é superficial", ironizou. Ao comentar as comparações que estão sendo feitas com seu governo, disse que são "fantasiosas" e questionou: "O presidente Lula disse que criou tantos empregos, não é verdade, olha a taxa de desemprego que é a mesma. Ele roubou os aplausos do Kofi Anan (no programa eleitoral do PT) e até a inflação de quem a estabilizou. Não dá, né?

Em cerca de quinze minutos de entrevista, o ex-presidente tucano disse ainda que Lula está assassinando o símbolo que representa. "É lamentável para quem começou como líder renovador, se transformar num político como outro qualquer. É uma perda histórica, o presidente Lula está assassinando o símbolo que ele representa pela incapacidade de entender seu momento de grandeza na história, que não é só ganhar as eleições.

Além das críticas a Lula, o tucano também não poupou o Partido dos Trabalhadores. "O PT virou quase uma empresa, se organizou, se burocratizou, contratou gente, e deu no que deu. Precisava de dinheiro, não tinha dinheiro, acabaram arranjando dinheiro em alguns setores de maneira escusa, através do lixo, através de transportes coletivos e depois chegaram ao governo federal, deu no que deu." FHC também cobrou explicações sobre a origem do dinheiro que seria utilizado na compra do dossiê Vedoin. "Eu não acho que seja apenas uma questão eleitoral. É uma questão muito mais grave", pelo envolvimento de pessoas próximas ao petista.

Sobre a eventual operação abafa, divulgada pela revista Veja desta semana, o tucano disse que não está acompanhando de perto o caso e que, por isso, não gostaria de ser leviano. Porém, considerou: "Acho que a polícia (Polícia Federal) que tem demonstrado tanta eficiência e tanta rapidez deveria mostrar que não existe (a tal operação abafa), dando nomes aos bois. Não é possível que depois de um mês (da apreensão de R$ 1,7 milhão) não tenha descoberto os caminhos do dinheiro, que deixam rastros para todos os lados. Mas não quero julgar (a polícia).

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