Fazendeiros desmatam cerca de 20 mil campos de futebol no Pará

Belém (AE) – Fazendeiros do sul do Pará estão destruindo a floresta. Em Cumaru do Norte, a 749 km da capital, uma área do tamanho de 20 mil campos de futebol foi derrubada por tratores, queimada e transformada em pasto para o gado. A fumaça do incêndio encobriu durante uma semana a cidade de 6.800 moradores, prejudicando o pouso e decolagem de aviões.

Na área da devastação vários fazendeiros foram multados e todos serão processados por crime ambiental e obrigados a fazer o reflorestamento do que foi derrubado. Em setembro passado, o fazendeiro José Pereira Dias foi preso e continua na cadeia por derrubar dois milhões de árvores na região do Rio Iriri, em Altamira.

O gerente executivo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Marabá, Ademir Martins, informou que as áreas mais críticas do Estado, como a Terra do Meio, entre os municípios de São Félix do Xingu e Novo Progresso, vinham sendo monitoradas pelo órgão há dois meses. "Quando a fiscalização constatou o que estava acontecendo máquinas foram apreendidas e os fazendeiros multados", disse Martins.

Multas – O Ibama agora tenta identificar outros 14 fazendeiros para que assinem as multas no valor total de R$ 57 milhões. O problema é encontrá-los para entregar as notificações. São pessoas que se dizem proprietárias de grandes áreas no Pará, mas residem em São Paulo, Minas Gerais, Tocantins e outros Estados.

Santuário – Em Conceição do Araguaia, invasores e fazendeiros atearam fogo numa área de preservação ambiental de 60 mil hectares, onde se localiza o assentamento Padre Josimo Tavares, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). As 863 famílias que vivem no local são ameaçadas por pistoleiros para deixar a área, rica em madeira de lei e lagos naturais de reprodução de peixes. Animais de pequeno e médio porte, como tatus, cutias e macacos foram abatidos a tiros.

A reserva é um dos últimos santuários ecológicos do extremo sul do Pará. "O local é de transição entre o cerrado e a mata amazônica, mas em volta dele há muita agressão à floresta para formação de pastagens e grandes fazendas", explicou o fiscal do Ibama Ivan Amaral.

O chefe do órgão no município, Marcus Mendonça, disse que os invasores serão multados por crime ambiental. É a quarta vez que eles retornam ao local. Agora para retirá-los será necessária a presença de policiais federais e militares.

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