Fazenda-modelo do Iapar completa 95 anos de referência à agropecuária

A fazenda-modelo do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), autarquia vinculada à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento e localizada em Ponta Grossa, completa 95 anos de história cumprindo o papel para o qual foi idealizada pelo então recém-criado Ministério da Agricultura, no início do século passado: a criação das raças animais estrangeiras mais adequadas ao meio e aos fins que se tiver em vista e a aplicação dos resultados dos estudos comparativos entre a criação por seleção e o cruzamento.

Em outro documento do Ministério da Agricultura, desta vez datado de 1916, o órgão relatava à Presidência da República a necessidade de a fazenda-modelo em trabalhar na ?criação de um núcleo de gado nacional Caracu, com o objetivo de fixar e selecionar semelhante tipo nacional?. O relatório também alertava o presidente da provável demora da pesquisa em chegar a resultados qualitativos pela recente implantação dos primeiros e ainda precários cursos de veterinária e zootecnia implantados no Brasil, além do grande investimento em recursos financeiros.

Como já prevera o relatório, os primeiros resultados na seleção de animais só surgiram quando a fazenda já estava sob responsabilidade do Iapar. De acordo com o administrador da Fazendo-Modelo, José Moletta, a propriedade deu continuidade às propostas de criação, inclusive, ajudando os produtores da região a formarem a Associação Brasileira de Criadores de Caracu, que hoje tem em sede em Palmas, região sul do Paraná.

?Até hoje o Iapar mantém um rebanho puro e registrado de animais Caracu, que dá suporte à pesquisa?, diz Moletta. Ele também lembra outra pesquisa desenvolvida pelo Iapar, que fez parte das primeiras diretrizes da fazenda. ?O trabalho do pesquisador Sérgio Postiglioni foi fundamental para que hoje os produtores possam usar a hemártria como opção de forragem. Ele foi até os Estados Unidos, coletou material, trouxe para cá, e ainda fez uma série de avaliações e estudos que possibilitaram a utilização do material?, recorda o administrador.

Mas a grande contribuição da fazenda para a região dos Campos Gerais e o Paraná foi a criação da única raça própria do Paraná, o Purunã, fruto da mistura de quatro raças: Redi-Angus, Charolês, Caracu e Canxim. De acordo com Moletta, elas foram escolhidas por apresentarem características como boa habilidade materna, rusticidade, qualidade da carne e adaptação ao clima local. ?Nós reunimos o que havia de melhor em cada raça para que o resultado fosse um animal bom para produzir carne de qualidade adaptada às condições locais?, salienta o administrador.

Para chegar a esse resultado, o caminho foi longo. Tudo começou no início da década de 70 quando a fazenda passou do Ministério da Agricultura para o Iapar para que o instituto fizesse pesquisa com pecuária de corte. ?Na época um dos trabalhos pioneiros da estação era a avaliação de cruzamentos de raças européias com o objetivo de melhorar a produtividade da pecuária de corte?, salienta Moletta.

A partir de então os pesquisadores Daniel Perotto e Antônio Carlos Cubas trabalharam na validação das raças e no resultado do cruzamento entre elas, dentro de um sistema de avaliação. ?Quando nós obtivemos um resultado positivo, decidimos então pela formação de uma raça quadrimestiça, ou seja, o nosso bovino composto Purunã?, diz Moletta.

Conforme ele, desde 1994 o trabalho de pesquisa do Iapar consiste na avaliação e na produção de uma população desses animais. Atualmente, o instituto tem 300 animais da raça, próximo da consolidação necessária para pedir o registro no Ministério da Agricultura. Para Moletta, ?o Iapar vem se empenhando na consolidação do trabalho inicial da Fazenda Modelo para o benefício de toda a sociedade paranaense?.

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