Fato novo

O resultado duma pesquisa eleitoral reflete apenas o sentimento do eleitor no momento em que é convidado pelo entrevistador a declarar a intenção de voto em determinado candidato. Por esse motivo, os analistas de pesquisas são extremamente cuidadosos na interpretação de números e tendências nem sempre dignos de confiança.

Um dos brasileiros mais interessados em pesquisa eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo menos para o público externo não parece mostrar-se muito interessado em demorar-se nas entrelinhas das pesquisas, mas, no íntimo, como qualquer homem público, deve dormir com o resultado das sondagens embaixo do travesseiro.

Ainda mais nessas últimas semanas, quando os números exibidos por três grandes institutos dão a entender que as coisas começam a se complicar para os lados do candidato à reeleição. Se Lula conseguiu relevar até aqui, com evasivas e subterfúgios, os atropelos cometidos por alguns auxiliares, pessoas que estiveram a seu lado desde a longa militância no Partido dos Trabalhadores e nas quatro campanhas presidenciais e, por último, alocadas como peças-chave da administração federal, hoje a opinião pública sinaliza o inconformismo diante de fatos comprovados pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal, além do trabalho das comissões parlamentares de inquérito.

O elevado índice de rejeição de Lula (26%), apurado pela última pesquisa Vox Populi/CartaCapital, o maior dentre os candidatos à Presidência da República, é um sintoma perigoso, porquanto somente a opção pela rejeição é classificada pelos analistas como uma escolha sem volta. Ou seja, um eleitor pode mudar de candidato várias vezes ao longo da campanha e informar isso ao pesquisador quantas vezes for entrevistado, mas ao manifestar rejeição por este ou aquele, em raríssimas ocasiões vai mudar de opinião.

Hoje, o fato novo da campanha chama-se Heloísa Helena, cujo crescimento na faixa até então cativa de eleitores de Lula, a classe média, explica por que não se pode engambelar a todos, por todo o tempo…

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