Fashion Rio abre temporada nacional

Rio – Será dada a largada do inverno 2006. O 21.º Fashion Rio começa amanhã (09), no Museu de Arte Moderna (MAM), com uma entrevista dos promotores e patrocinadores públicos e privados à tarde, um coquetel à noite e o desfile da grife infantil Lilica Ripilica no intervalo. As crianças deverão vestir-se de pequenos adultos e imitarem as modelos (um pouco) mais crescidas. O que será moda para jovens e adultos daqui a seis meses só começa a ser visto terça-feira (10) à tarde, quando a carioca Santa Efigênia abre a série de 26 desfiles que vão até sábado (14), nas tendas montadas nos jardins de Burle Marx, pomposamente chamadas de salões Corcovado, Ipanema e Copacabana. Cada uma tem capacidade para mil pessoas.

Não é exagero. O Fashion Rio lida com altas cifras. Além das 29 grifes que desfilam as coleções (três fora do MAM), 80 marcas oferecem novidades nos estandes espalhados pelo prédio de Affonso Reidy. Os desfiles são o charme, mas o objetivo é vender para lojas brasileiras e estrangeiras. Este ano, vieram 145 multimarcas (como a poderosa Daslu, que está inclinada a arriscar na moda nacional), 15 da Europa, Estados Unidos e, pela primeira vez, da Nova Zelândia. Os resultados compensam. Há um ano, as vendas somaram R$ 253 milhões, 10% para o exterior (cerca de US$ 9 milhões).

Mas só parte das 70 mil pessoas que passarão pelo MAM esta semana se preocupa com estas cifras. A maioria quer ver as modelos que fazem sucesso no exterior, como Gisele Bündchen e Raica Oliveira, namorada de Ronaldo, o Fenômeno (segundo a assessoria, ele não vem, apesar de o próximo jogo do Real Madrid ser no fim de semana); as que enfeitam a telinha (Michelle Alves da abertura da novela "Belíssima", e Fernanda Lima, mocinha da novela "Bang Bang", as duas da Rede Globo de Televisão) e as que vivem na ponte aérea, por causa do sucesso das brasileiras no exterior (como Isabeli Fontana e Carol Trentini). Há ainda a curiosidade sobre quem será revelado este ano, como Daniela Cicarelli, em edições passadas.

Outro tanto quer conhecer as tendências do inverno e/ou ver o show em que os desfiles foram transformados. Estes são segredos do Fashion Rio, mas pitadas são adiantadas para alimentar o interesse do público. A grife Alessa saiu do MAM para desfilar num supermercado na Barra da Tijuca, a quase 30 quilômetros. A designer Maria Oiticica ampliou as bijuterias de flores, frutas e sementes, os colares chegam aos pés e o passado inspira grifes conceituadas como Cavendish (anos 20), Maria Bonita Extra (anos 60) e TNG (década de 70).

Mas a marca do Fashion Rio inverno 2006 é a diversidade. Lá estarão a chiquérrima Daslu e a quase homônima, a Daspu, lançada pela Organização Não-Governamental (ONG) Da Vida, de moças que ganham a vida pelas imediações da Praça Tiradentes, no centro da capital fluminense. Nomes consagrados como Marcela Virzi, Carla Cavendish e Mary Zaide dividem espaço com os novatos da Moda Hype e as grifes veteranas que estréiam no evento, como a carioca Cantão e a gaúcha Elisa Chanan. Todos reverenciarão o passado, na exposição Rio – Histórias e Personagens da Moda, com fotos e trabalhos de pioneiros como Simon Azulay (que criou a Yes Brasil) e Georges Henri (que deu o nome à grife).

Pode parecer futilidade investir R$ 5 milhões para saber o que vamos achar bonito (e, talvez, usar) daqui a seis meses, mas a criadora do evento, Eloysa Simão, apresenta dados sólidos para os patrocinadores. "Nosso público alvo são as classes A e B mas a moda é um dos maiores empregadores do País, certamente, o que mais cresce e emprega mão-de-obra feminina de todas as classes sociais", foram os argumentos que atraíram instituições diversas como Serviços Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), prefeitura da capital e Telemar. "A maturidade desse mercado reflete-se no sucesso das nossas modelos no exterior. Sem respaldo interno, elas não teriam base para uma carreira internacional.

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