“Farm bill” prejudica o Brasil

O artigo “Subsídios agrícolas dos EUA”, de autoria do agrônomo Ágide Meneguette, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná-FAEP, é um exemplo que deveria ser seguido por todos os dirigentes do agronegócio nacional. Os EUA defendem, com unhas e dentes, a teoria do livre mercado desde que seja o mercado para eles terem a liberdade de imporem barreiras aos produtos de outros países, principalmente os da América Latina. Que livre mercado é esse onde os EUA os países da Comunidade Econômica Européia (CEE) vêem, há anos, subsidiando seus produtos agrícolas para prejudicar os produtos, principalmente do Brasil, Argentina e Uruguai?

Praticamente, todos os nossos commodities – açúcar, álcool, café, fumo, carne, suco de laranja e soja -, têm sido torpedeados, sistematicamente, pelas medidas protecionistas,descabidas, implantadas pelas políticas agrícolas dos EUA e da CEE.

A nossa agricultura tem se mostrado competitiva, em preços e qualidade. Os agricultores brasileiros, principalmente os produtores de soja, milho, açúcar e laranja estão produzindo com tecnologia de primeira linha. Os nossos agricultores não podem se iludir, também, com o cavalo de tróia do 3.º milênio: os transgênicos. Como os EUA não conseguiram, nas décadas de 70-80, nos impingir a famosa Lei de Proteção das Variedades (Protection Variety), agora através da transgenia querem que embarquemos nessa canoa furada, cujo intuito é o domínio e monopólio do mercado internacional de grãos.

Alertamos aos produtores desavisados e aos ingênuos – se os há – que a questão que perpassa a discussão em torno dos transgênicos não é tecnológica, não estamos discutindo os avanços científico-tecnológicos, sim, a questão econômica, enfim o que os nossos produtores têm a perder ou ganhar. Essa é a conta que conta!

A nossa soja e o milho, convencionais, têm custos de produção comprovadamente abaixo dos transgênicos dos EUA e da Argentina (países que hoje concentram sua produção em torno de 80% com transgênicos), além da nossa produtividade ser superior a deles, condições estas que tornam esses commodities mais competitivos no mercado mundial.

Aí está o xis da questão! Daí a insistência dos EUA para que os nossos agricultores cultivem transgênicos, para ficarem réfens dos seus pacotes tecnológicos e não tenham condições de competir, em preços, no mercado internacional.

Essa opção tecnológica- os transgênicos – economicamente é uma fria, muito mais que isso, é um grande iceberg plantado no meio da nossa lavoura tropical. Quem viver, verá!

Por isso acho muito oportuna, coerente, corajosa e ética a posição de Ágide Meneguette, presidente da FAEP, que defende atitudes firmes do nosso governo contra as medidas abusivas do Farm Bill dos EUA que não passam de uma adaga encravada no peito do produtor brasileiro.

Valdir Izidoro Silveira

é engenheiro agrônomo, especialista em planejamento e desenvolvimento regional, assesssor e consultor em agropecuária.E-mail: vis@netpar.com.br

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