Extravagância corporativa

Depois do interminável debate sobre a partilha dos cargos de presidente e relator, num floreio verbal que foi tema predominante entre líderes da base governista e dos partidos da oposição, finalmente foi instalada no Congresso a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), para investigar o uso abusivo de cartões corporativos da administração federal.

Integrada por deputados e senadores, a comissão terá na presidência a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) e, na relatoria, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

A base não pretendia dividir a direção dos trabalhos com a oposição, mas finalmente prevaleceu o entendimento e o consenso prevaleceu.

O problema agora é contornar a intenção já revelada pelo relator de sustar a convocação de pessoas muito próximas ao presidente Lula, como a ministra Dilma Rousseff e a filha Lurian Cordeiro, além de ecônomos ligados ao gabinete presidencial, responsáveis diretos pela utilização dos cartões corporativos.

A oposição quer aproveitar o ensejo para aclarar dúvidas pertinentes sobre procedimentos estranhos, como os pagamentos feitos com os tais cartões na aquisição de equipamentos para educação física e artigos de luxo, além da construção de piscinas e outras extravagâncias e a nação também está interessada em saber, de que maneira essas ocorrências se casam com a virtual austeridade administrativa sempre pregada pelo PT.

Os governistas prometem dar o troco e convocar o governador José Serra para esclarecer o uso dos cartões em São Paulo, onde o volume de gastos ultrapassa aos do governo federal, segundo o autor do requerimento de convocação, deputado Maurício Lessa (PR-AL).

A oposição fala em chamar também o ex-ministro José Dirceu, e o governo alega que a obsessão oposicionista é transformar a CPMI num palanque eleitoral.

O clima inaugural dos trabalhos está sendo marcado pelo confronto, até pelos 149 requerimentos entregues à senadora Marisa Serrano, uma centena deles assinados por representantes da oposição. Os primeiros convidados a falar serão o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), e Jorge Hage, chefe da Controladoria Geral da União (CGU). A comissão tem prazo de funcionamento fixado em 90 dias para investigar as finalidades do dinheiro de plástico. 

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