Exploração comercial da TV digital deve ficar só para 2007

A operação comercial da TV digital no Brasil só deve começar mesmo em 2007. A previsão foi feita hoje (3) pelo diretor de engenharia da Rede Globo, Fernando Bittencourt. A demora do governo em escolher o padrão tecnológico que será adotado no Brasil atrasará também os testes da transmissão dos programas da TV aberta em sinal digital, que deverão ocorrer somente no fim do ano.

Esse calendário contraria a idéia do governo, que queria fazer os testes em junho, durante a Copa do Mundo, e iniciar a operação comercial no dia 7 de setembro, conforme anunciado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa. "Acho que comercialmente não dá mais tempo de entrar neste ano. O que pode haver é uma demonstração na Copa do Mundo", disse Bittencourt, após participar de debate no Conselho de Comunicação Social do Senado

De acordo com Bittencourt, que representou nos debates a Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações (SET), as emissoras de TV precisam de um prazo de um ano a um ano e meio para a entrada comercial. Ele lembrou ainda que a indústria de televisores também não estará pronta para produzir novos aparelhos em menos de um ano.

A escolha do governo brasileiro será entre os padrões japonês, europeu e americano. As emissoras, no entanto, já declararam sua preferência pelo japonês, que também conta com a simpatia de Costa. Ele confirmou a viagem que uma delegação de ministros brasileiros fará ao Japão e à Coréia para negociar a instalação, no Brasil, de uma fábrica de semicondutores.

O resultado das negociações com os governos japonês e coreano e com indústrias dos dois países constará, segundo Costa, do relatório que os ministros do Comitê de Desenvolvimento da TV Digital vão apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas ele não marcou data para a conclusão desse documento, nem para o anúncio do padrão.

Essa viagem, na opinião do diretor da Globo, aumenta as possibilidades de o governo optar pelo sistema do Japão. "Esperamos que seja um sinal de que o governo brasileiro optará pelo padrão japonês. Se estão criando um grupo para ir para o Japão, é porque têm grandes chances." Porém, vem ganhando força no governo a tese de que a delegação de ministros deve passar também pela Europa.

A idéia foi defendida há uma semana pelo embaixador da União Européia no Brasil, João Pacheco, e, segundo fontes próximas ao Palácio do Planalto, conta com o apoio do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que estaria pressionando para que a missão também inclua países europeus no roteiro. A passagem pela Europa seria para reverter uma tendência verificada entre os ministros do Comitê de Desenvolvimento de apoio ao padrão japonês.

Hoje, o diretor de Tecnologia e Pesquisa da Philips do Brasil, Walter Duran, revelou que a União Européia ofereceu ao governo brasileiro isenção da taxa de importação para televisores digitais e conversores produzidos no Brasil e vendidos para países europeus. Esta seria uma das contrapartidas, caso o Brasil opte pelo sistema europeu de TV digital.

Em carta encaminhada ao governo brasileiro pela União Européia, no dia 24 de março, a Philips e a ST Microelectronics manifestam interesse em instalar no Brasil uma fábrica de semicondutores, mas informam que isso dependeria do resultado de estudos de viabilidade, que poderiam levar um ano para ficar prontos. Mesmo prazo previsto pelos japoneses.

Costa informou também que hoje especialistas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) farão exposição no Palácio do Planalto sobre um estudo de mercado para a instalação de indústrias de semicondutores no Brasil.

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