Existe ética no sorriso falso?

“Dizer as verdades que os outros dizem não é ação que mereça singular amor; mas dizer as verdades que os outros deixam de dizer, quem isto faz merece ser singularmente amado…” (Vieira).

Incontáveis pessoas, mormente em nosso meio, são perigosamente falsas. Essa falsidade é regada a “sorrisos mecânicos”, “apertos de mão mole”, com acentuadas pitadas de inveja e ciúmes. O que é pior, essa postura é levada a se fazer passar como sinônimo de ética. Trata-se, em verdade, de “estelionato ético”…

Admite-se comportamento ético divorciado da sinceridade ou da verdade? Reprovamos tais “linhas comportamentais”. A pessoa que se aproxima emitindo conceitos negativos de outra, leviana e inconseqüentemente, logo cai em desgraça com todos, e de resto, consigo própria. Ela é sempre recebida com reservas e até mesmo com certa compaixão. Inevitavelmente, vem a reflexão e o temor: se diz leviandades a respeito de outros, fatalmente nos incluirá nesse repertório.”

Dia desses, enquanto pregávamos união entre colegas para um órgão de classe realmente forte, recebemos notícia de um desses comentários predatórios. Desconfortável, mas não tão desagradável aos nossos sentidos, porque acostumados a embates processuais, ingratidões, injustiças, e inclusive a nos apiedarmos dessas misérias humanas. O inusitado estava exatamente pelo fato desse “predador” se dizer “professor universitário”. Cingimo-nos a asseverar ao portador do comentário: “Essa atitude além de não construir um mundo melhor é indigna”. Diferenciar opiniões sérias, baseadas em dados concretos e provados e julgamentos técnicos de imposições de vontades, vaidades e eventuais frustrações pessoais (sem ressentimentos, ciúmes, ódio, inveja, etc.) é o que diferencia sábios dos néscios.

Queremos dedicar este artigo aos que querem fazer coisas e temem o ácido corrosivo dos “comentaristas predatórios”. Tivesse a humanidade se deixado guiar por eles, estaríamos no tempo das cavernas comendo carne crua. Por certo, o primeiro ser humano que ousou levar ao fogo um naco de carne para assar, deve ter tido esse tipo de problema…

Como bálsamo, recordemo-nos de Sócrates, Galileu, Padre Vieira, Chaplin, Monteiro Lobato, Clóvis Beviláqua que, entre tantos, tiveram seus “verdugos”, porque nós, menores que eles, não podemos ter os nossos? Assim… arrefecer, nunca!

Gostemos ou não, é uma força negativa e devemos nos precaver. O cardeal de Retz afirmou: “O maior de todos os segredos é saber como reduzir a força da inveja”. Em uma classe profissional organizada isso denomina-se “tentativa de autofagismo”, com pitadas de covardia por ser à distância…

Elias Mattar Assad (eliasmattarassad@sulbbs.com.br) é advogado.

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