Exército impede visita de turistas à Rocinha

Turistas estrangeiros, que diariamente visitam a Rocinha para conhecer de perto o dia-a-dia dos moradores, ficaram de fora do morro hoje (14). Eles não puderam subir por recomendação dos soldados do Exército. Um grupo de europeus levado pela empresa Jeep Tour, fundada há 14 anos e pioneira nesse tipo de passeio, teve de se contentar em observar a favela à distância, do alto da passarela que fica na frente da comunidade. De lá, os visitantes fotografaram e filmaram a ação dos militares.

"Estou desapontada porque queria muito conhecer a Rocinha. Mas entendo que isso é para a minha própria segurança", disse Alicia, uma italiana de 70 anos, acompanhada do marido. Desconfiada, a moradora de Florença, que chegou ao Rio há cinco dias, não quis dizer o nome completo. Ela contou que o morro é famoso na Itália e desperta sua curiosidade pelo tamanho e localização.

A holandesa Annemarie, de 30 anos, que também não quis dar o sobrenome, contou que o passeio custa R$ 80,00. Ela não estava disposta a pagar, porém, uma vez que não pôde subir. "É esquisito ver militares numa comunidade como esta. Isso jamais aconteceria na Holanda." A guia da Jeep Tour informou que, para não deixar os turistas decepcionados, optou por levá-los para uma outra favela, que não estivesse ocupada.

A operação de busca das armas desperta também grande interesse dos correspondentes estrangeiros, que têm ido aos morros e entrevistado as autoridades. Os jornalistas que acompanham a ocupação têm se mostrado surpresos com o que observam nos morros.

A repórter holandesa Marjon van Royen, que tem experiência em favelas e já cobriu guerras entre traficantes, disse que o que viu na Rocinha é surrealista aos olhos de um europeu: "A cidade está sitiada e, no meu país, isso só seria possível com a aprovação do Parlamento."

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