Exames de DNA identificam sangue de duas vítimas em carro

A polícia do RJ conseguiu uma prova técnica fundamental para incriminar os policiais militares suspeitos de participação na chacina da Baixada Fluminense, ocorrida no dia 31 de março em Nova Iguaçu e Queimados: exames de DNA mostraram que havia sangue de duas das 29 pessoas mortas entre os vestígios encontrados no Gol prata que teria sido usado pelos assassinos. Amanhã (27), o secretário de Segurança Pública do RJ, Marcelo Itagiba, se reúne com promotores que atuam no caso para discutir a conclusão do inquérito.

As amostras foram retiradas dos tapetes e do banco traseiro do Gol, que havia sido emprestado por um amigo ao soldado Carlos Jorge Carvalho – um dos 12 PMs já presos, reconhecido como um dos atiradores. O diretor de Polícia Técnico-Científica, Roger Ancillotti disse que a compatibilidade com o padrão genético das vítimas "foi de quase 100%". Os resultados são parciais (o laudo oficial sairá amanhã).

As vítimas cujo sangue foi identificado, Francisco José da Silva Neto, de 34 anos, e Marco Aurélio Alves, de 37, foram mortas no mesmo lugar: um lava-rápido que fica na Rua Carlos Sampaio, no município de Queimados. Outras três pessoas foram executados no lava-rápido. O grupo de vizinhos conversava quando foi atingido pelos disparos.

A polícia acredita que os assassinos sujaram sapatos e roupas com sangue porque teriam saído do Gol e circulado entre os corpos para atirar em quem ainda estivesse vivo. Agora, amostras de outras vítimas serão comparadas aos vestígios encontrados no automóvel.

Denúncia

O carro foi encontrado seis dias depois da chacina, graças a uma denúncia anônima recebida pela polícia. Estava com o lacre da placa violado, o que indica que ela pode ter sido retirada, para que o carro não fosse identificado por testemunhas, e, em seguida, recolocada.

No Gol, foram encontradas três cápsulas que partiram da mesma pistola de onde saíram balas recolhidas na Rua Ministro Odilon Braga, também em Queimados, onde quatro pessoas foram mortas, e na Rua Geni Saraiva, em Nova Iguaçu, ponto em que duas pessoas morreram, conforme mostrou confronto balístico.

Peritos estão analisando um Vectra branco que também teria sido usado na chacina, para recolher cápsulas deflagradas pelos executores. O carro seria do cabo Marcos Siqueira, outro suspeito preso.

Hoje, o secretário Marcelo Itagiba disse que as provas técnicas têm sido muito importantes para as investigações. "Toda prova técnica colhida reforça cada vez mais a participação desses indivíduos no crime", afirmou. "Vamos nos reunir com o Ministério Público amanhã (27) para examinar tudo que foi feito até agora, ver se há necessidade de alguma coisa a mais. Vamos decidir em conjunto qual é o passo que vamos tomar. Se vamos entregar (a denúncia) ou se vamos prosseguir um pouco mais."(Colaborou Luciana Nunes Leal).

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