Ex-ministro Tarso Genro deve voltar ao governo

Brasília – Na reforma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará na equipe no início de 2006, o ex-ministro da Educação Tarso Genro é um dos nomes cotados para retornar ao governo. Mas não na mesma pasta. Lula ainda examina em que vaga Tarso será mais útil, mas é provável que ele assuma uma função política. A dança das cadeiras que deve reintegrar o ex-auxiliar à equipe também vai defenestrar outros. Sobrevivente do antigo "núcleo duro" do Planalto – que desmoronou depois da crise política -, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pode sair para disputar a eleição de deputado federal.

Palocci tem dito a amigos que, se o bombardeio contra ele continuar, não ficará "sangrando" em praça pública. Lula não quer que Palocci deixe o time, mas o desfecho da nova reforma ministerial é imprevisível.

Conhecido por sua dificuldade em concluir mudanças na equipe, o presidente tomou uma providência: resolveu antecipar a troca que será obrigado a fazer. Pelo calendário eleitoral, os ocupantes de cargos executivos que desejam concorrer a deputado, senador ou governador precisam deixar suas funções até 3 de abril. Decidido a não esticar a novela, o presidente planeja pedir aos ministros-candidatos que se apresentem em janeiro.

"É uma necessidade administrativa", argumenta Lula. "Os que ficarem agora irão comigo o fim do governo." Sua idéia é encerrar a reforma em janeiro, ou, no máximo, em fevereiro. Na Esplanada, assessores calculam que aproximadamente dez ministros podem sair para concorrer às eleições.

Arranjos

Nessa leva, os mais cotados para deixar o posto são Saraiva Felipe (Saúde) e Alfredo Nascimento (Transportes), pré-candidatos a vagas na Câmara e no Senado. A petista Marina Silva (Meio Ambiente) está de olho no governo do Acre. Dependendo do arranjo mineiro, Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) também poderá ser candidato em Minas Gerais.

Ainda na seara do PT, o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner – responsável pela articulação política -, é pressionado por companheiros para disputar o governo da Bahia. Lula, porém, tenta segurá-lo. Tem até outros planos para Wagner: a coordenação de sua provável campanha a um segundo mandato.

Na prática, Lula entrará no ano eleitoral de 2006 com um ministério totalmente transformado pela crise. Caiu José Dirceu, o poderoso ministro da Casa Civil que foi seu seu braço direito no governo. Caiu Luiz Gushiken, chefe da Secretaria de Comunicação do Governo (Secom) e seu amigo pessoal, hoje abrigado no discreto Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE). Os dois são integrantes históricos do PT, partido que acumulou baixas em sua cúpula após o escândalo do mensalão.

Para socorrer o PT, Tarso deixou o governo em julho, a pedido de Lula, com a missão de assumir a presidência do partido no lugar de José Genoino. Desentendeu-se com Dirceu, então deputado, e desistiu de representar o Campo Majoritário na eleição interna para renovação do comando petista. Resultado: ficou sem cargo no PT e no ministério. É por isso que agora, com essa nova reforma, Lula deu sinais de que ele poderá voltar à equipe.

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