Ex-diretor da Leão Ambiental não confirma propina paga a Palocci

Ribeirão Preto (AE) – O ex-diretor comercial da Leão Ambiental, Marcelo Franzine, foi indiciado hoje (26), por formação de quadrilha, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, no inquérito que apura possíveis fraudes em licitações do lixo em municípios paulistas e mineiros.

Segundo o delegado Benedito Antonio Valencise, Franzine não confirmou o pagamento de propina de R$ 50 mil mensais ao ex-prefeito Antônio Palocci, atual ministro da Fazenda, como denunciou o advogado Rogério Tadeu Buratti uma semana antes. Franzine também negou ter conhecimento de informações contidas em documentos apreendidos nas empresas do Grupo Leão Leão, que é presidido por Luiz Cláudio Ferreira Leão, que será intimado durante a semana para ser indiciado pelos mesmos crimes – no dia 5, Leão não pôde ser indiciado por força de uma liminar em habeas-corpus, que foi revogada ontem (25) pelo juiz da 3ª Vara Criminal, Paulo César Gentile.

E Buratti poderá ser intimado de novo. "Se necessário for, e acredito nisso, ele (Buratti) será novamente ouvido", informou o delegado.

Valencise informou ainda que, com base no depoimento de Franzine, que durou cerca de seis horas, outras pessoas, com nomes ainda não revelados no inquérito, para não prejudicar as investigações, serão intimadas. ‘Pelas interceptações telefônicas se demonstra que ele (Franzine) é um dos articuladores de todo esse esquema (de fraudes em licitações), entretanto é um direito dele negar qualquer participação no fato", informou o delegado, que está convencido, pelas provas adquiridas durante o inquérito, que o ex-diretor comercial da Leão Ambiental era peça fundamental nas irregularidades. "Os mapas (de propina) apreendidos foram preenchidos no departamento onde ele trabalhava, por ele ou seu funcionário, Fernando Fischer." Nos próximos dias, os sigilos bancários do Grupo Leão Leão deverão ser quebrados, assim como de outras empresas que teriam fornecido notas fiscais frias para que ocorresse o registro contábil que justificasse os saques para os pagamentos de propinas aos prefeitos onde a empresa atua.

Também será solicitada a quebra da movimentação financeira da Leão Leão nas agências instaladas dentro da empresa. "Ele (Franzine) negou o pagamento de propina, mas em momento algum foi taxativo, apenas alegou desconhecimento", disse Valencise, considerando que uma das provas é que a empresa onde o depoente trabalhava venceu as licitações investigadas pela polícia e pelo Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e Repressão ao Crime Organizado (Gaerco).

O delegado disse que Franzine esclareceu dados sobre apelidos contidos em documentos apreendidos. O inquérito, devido à sua complexidade e às localizações de novos depoentes, não será encerrado em menos de 30 dias.

O promotor Naul Felca disse que as investigações do inquérito serão aprofundadas. Sobre o depoimento de Franzine, Felca foi evasivo. "Ele disse que estava numa situação intermediária hierarquicamente, abaixo do Luiz Cláudio Leão e do Wilney Barquete", comentou Felca. Barquete e Buratti também foram indiciados pelos mesmos três crimes atribuídos a Franzine.

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