Brasília – Depois de 11 anos como deputado federal, José Dirceu voltou hoje (1º) à Câmara, já sem mandato, para falar sobre a cassação, os projetos políticos e pessoais para os próximos anos. O ex-presidente do PT e ex-ministro-chefe da Casa Civil, que só poderá se candidatar a um cargo eletivo em 2016, disse que irá trabalhar como advogado.
Durante a conversa de duas horas com jornalistas, Dirceu disse que não se sente na posição de vítima. "Existem milhões de pessoas sofrendo mais do que eu. Não vamos ser dramáticos. Mas não é pouca coisa o que eu perdi. É como se eu tivesse perdido a minha própria vida. É uma dor que vocês não podem imaginar. Espero ter forças para superar."
Dirceu reconheceu que o recomeço não será fácil, mas lembrou de outros desafios que já teve de enfrentar. "Comecei a trabalhar aos 14 anos, ninguém nunca me sustentou. Agora, vou trabalhar pela minha sobrevivência. Vou trabalhar como advogado. Acho que advoguei muito bem esses cinco meses para me defender aqui. Lá pelos 75 (anos), vou me aposentar pelo INSS, transferindo o tempo de serviço na Câmara."
O ex-deputado permanece em Brasília até amanhã, no final da tarde, quando viaja para Osaco (SP). Na cidade, vai participar de um ato público em defesa do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), que também está com o mandato ameaçado pelas denúncias de compra de votos no Congresso Nacional.
Entre o Natal e o Ano Novo, Dirceu quer descansar em uma cidade de praia. No ano que vem, planeja passar 90 dias na casa de amigos nos Estados Unidos. "Não vou dar aulas, tenho muito mais a aprender do que a ensinar nesse momento", afirmou o ex-ministro.